Os candidatos a uma vaga na Universidade Federal do Paraná (UFPR) deste ano podem estar entre os últimos a fazer o vestibular da maneira como é conhecido. Representantes de algumas das principais universidades públicas brasileiras estão discutindo a possibilidade de acabar com os exames seletivos. O processo de seleção seria inteiramente baseado no Exame Nacional de Ensino Médio, o Enem. Mais do que isso: os reitores das universidades federais estão planejando mudar o próprio conceito dos cursos superiores.
A idéia partiu do reitor da Universidade Federal da Bahia, Naomar Almeida Filho, e foi apresentada em um seminário na semana passada. Basicamente, o projeto prevê a criação de Bacharelados Interdisciplinares. Isso quer dizer que ninguém mais entraria nos cursos atualmente ofertados pelas universidades. Os alunos dos cursos de História, Filosofia e Ciências Sociais, por exemplo, ingressariam todos no mesmo bacharelado, que teria disciplinas comuns às áreas das ciências humanas. O mesmo aconteceria com os alunos das áreas de biológicas, que passariam a freqüentar um único curso, ao invés de se separarem em Medicina, Biologia e Odontologia.
Os bacharelados gerais teriam duração de três anos. Ao terminar o curso, o estudante já garantiria um diploma. A partir daí, poderia escolher um dos cursos mais específicos. A duração da segunda etapa poderia variar de dois a quatro anos.
Mais vagas
Com a generalização das disciplinas na primeira fase, a tendência é o aumento do número de vagas durante os primeiros anos do curso superior. Isso facilitaria o ingresso para a primeira etapa por meio do Enem. "Hoje, um mesmo exame seleciona para Artes e Medicina, dois cursos completamente diferentes. A proposta é uma seleção única para os Bacharelados Interdisciplinares e depois um processo específico para cada profissão, nos moldes escolhidos pelos coordenadores de cada curso", explica o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho.
A adoção do Enem é uma forma de nacionalizar o exame. O objetivo seria diminuir o estresse dos vestibulandos que fazem diversas provas em várias universidades, explica o pró-reitor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Carlos Eduardo Cantarelli. "Os alunos fariam uma única prova e se cadastrariam nas universidades de interesse e onde alcançassem a média exigida", explica.
Uma primeira experiência com Bacharelados Interdisciplinares já vem sendo feita no Brasil, na Universidade Federal do ABC, em São Paulo. De acordo com a pró-reitora de graduação da instituição, Adelaide Faljoni-Alário, desde setembro 1,5 mil alunos estão freqüentando o curso de Ciência e Tecnologia. Daqui a três anos, eles terão o diploma de bacharéis em Tecnologia e poderão optar por cursos profissionalizantes de dois anos em áreas específicas da Engenharia.
"Os alunos foram selecionados pelo vestibular tradicional e têm o compromisso com a universidade por três anos. Depois disso, poderão fazer um de nossos cursos ou ir para outra universidade, cursar opções que nós não oferecemos", explica Adelaide. O objetivo, segundo ela, é fazer com que o aluno se esforce mais. "Hoje, eles já sabem que vão chegar ao quinto ano. No novo modelo, aqueles que realmente quiserem um curso profissionalizante, precisarão se dedicar mais", disse.
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