Sem sujeira
Confira algumas dicas de organizações como Greenpeace e WWF para diminuir o impacto ambiental na limpeza doméstica:
- Varrer a sujeira com vassouras, usar o aspirador de pó ou um pano úmido com água diminuem a necessidade do uso de produtos químicos fortes.
- Resgatar o hábito do uso da água quente combinada com sabão para desinfetar ambientes. Os modernos vaporizadores, nada mais são do que uma sofisticação tecnológica dessa antiga e eficiente prática de limpeza.
- Buscar alternativas para limpeza com produtos caseiros e igualmente eficientes: vinagre branco e água na mesma proporção, para limpar vidros, azulejos, vasos sanitários e espelhos; bicarbonato de sódio serve para limpar pias, bidês e vasos sanitários em banheiros, também substitui o cloro na remoção de limo. Basta deixá-lo agir por uma hora e depois retirar o limo com uma mistura de suco de limão e sal.
- Para limpeza de forno você não precisa de nada mais que água quente, bicarbonato de sódio e palha de aço.
- E se você quer realmente purificar o ar use somente uma mistura de ervas com suco de limão ou vinagre.
Você é uma daquelas pessoas que acredita que quanto mais espuma o sabão fizer na hora da limpeza mais limpo o ambiente vai ficar? Pois saiba que a espuma é resultado de uma substância química adicionada aos componentes básicos dos detergentes, sabões em pó e em barra, sabonetes, xampus e cremes dentais e que não é sua quantidade que determina se o produto de limpeza é eficaz ou não. Já para o meio ambiente, o acúmulo de substâncias empregadas nos produtos de limpeza pode prejudicar os ecossistemas de rios, lagos e mares, que recebem esgotos. A espuma branca conhecida como "cisne-de-detergente", que geralmente se manifesta em épocas com menos chuvas, por exemplo, reduz a penetração do oxigênio do ar na água, como explica a engenheira química da empresa Engebio Soluções Ambientais Adriana Carneiro Duarte.
Se produtos como sabão e detergente são perigosos, no caso de desinfetantes, alvejantes, bactericidas, desengordurantes, desentupidores, o problema são as substâncias mais agressivas como o cloro, formaldeído, hidróxido de sódio (soda cáustica) e amônia, que modificam o pH da água, ou seja, o grau de acidez. "As espécies aquáticas são bastante sensíveis e não têm capacidade para suportar as alterações. Não significa que a poluição vai matar todas as espécies, mas as consequências podem ser alterações multigênicas, como o surgimento de peixes assexuados, sem capacidade de reprodução", explica o professor de Química Ambiental e Qualidade do Ar, do mestrado de Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Paulo Janissek.
O professor lembra que não é só o meio ambiente que está em risco. O potencial dos produtos de limpeza sintéticos pode causar danos à saúde humana. A reação química causada pela soma das inúmeras substâncias potencializa os impactos sobre a qualidade das águas, aumentando o perigo para as populações que as consumirem ou se alimentarem das espécies aquáticas que ali vivem.
Fora isso, segundo Janissek, as pequenas agressões domésticas têm começado a preocupar os especialistas e ambientalistas. "A taxa de incidência de doenças respiratórias em pessoas que trabalham com produtos de limpeza é duas vezes maior que em trabalhadores de outras áreas", afirma. Isso significa que o cheirinho de limpeza nem sempre implica em ambiente saudável. Ainda de acordo com o professor, existem pesquisas que confirmam a poluição do ar por produtos como desodorizadores ou lustra-móveis e limpadores de tapetes com cheiro. "Em ambientes fechados, onde o ar não circula, as substâncias responsáveis por dar cheiro podem representar uma preocupação para a saúde de quem vive nesses espaços", explica.
Ambientalmente correto
Morando em um condomínio de chácaras em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, em uma área onde não há coleta de esgoto e onde nasce a bacia do Alto Iguaçu, o bancário Marco Antônio Sipinski só usa produtos de limpeza ambientalmente corretos. "Procuramos por produtos que não matem micro-organismos e que sejam biodegradáveis. Também compramos produtos concentrados, que podem ser usados em menor quantidade e que produzem menos resíduo também, se consideramos que o tamanho da embalagem é menor", comenta.
Para saber se os produtos ambientalmente corretos vendidos nos mercados realmente não são poluentes, a engenheira química Adriana recomenda a verificação do selo de certificação. Isso significa que a empresa passou por uma auditoria sobre os processos e matérias-primas usadas. "Essa é a garantia de que o produto é realmente eficiente no que se propõe", diz. É importante não comprar produtos clandestinos, sem embalagem própria ou rótulo que não descreva os conteúdos químicos e não indique o fabricante. Segundo Adriana, é preciso cautela ao usar produtos caseiros para evitar uma intoxicação. Para Janissek, o problema é que sem ter certeza de que o produto vai funcionar a pessoa usa uma quantidade maior da receita caseira e fica mais exposta. Como regra geral, independentemente do tipo de produto, o professor aconselha evitar o desperdício e aplicá-lo de forma adequada. "Além disso, é bom ter cuidado para não dispor os resíduos desses produtos em qualquer lugar."
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