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“É preciso olhar para trás”

Entrevista com Mary Del Priore, historiadora e autora de mais de 40 livros de história, ganhou dois prêmios Jabuti e dois prêmios Casa Grande e Senzala. Atualmente, trabalha na Universidade Salgado de Oliveira, no Rio de Janeiro

O que falta para o país melhorar seus índices educacionais?

É preciso que as pessoas olhem para trás para conhecer a sua história. Olhar para esse retrovisor é importante para compreendermos quais problemas se forjaram com o passar do tempo e como vamos ultrapassá-los.

Qual é a síntese da história das crianças no Brasil?

Há três pontos principais. O primeiro se refere ao mundo do trabalho. Após a abolição da escravidão, as crianças ficaram entregues à própria sorte e até a República elas eram somente mão-de-obra. O segundo ponto é sobre as crianças abandonadas. A infância nas ruas era mais forte onde havia migrações masculinas, pois as mães ficavam sozinhas e muitas vezes não davam conta de cuidar dos filhos. O último ponto é a educação. No início do século 20, a Argentina investia maciçamente nessa área, diferentemente do Brasil. Foram os anarquistas e os comunistas que começaram a falar em escola para todos. Era uma preocupação dos operários e não dos patrões.

Qual nosso maior desafio em relação à infância?

Sempre devemos falar em infâncias, pois há crianças da classe média, que têm a proximidade dos pais, condições de estudo e amparo na saúde. Mas o grosso da nossa infância é pobre e sofre toda sorte de violências em casa. Não adianta falar em democracia se não houver valorização da infância e de tudo aquilo que diz respeito a esse tema, como a educação e a saúde. Enquanto a sociedade não valorizar isso, não vamos ter excelência nestas áreas.

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