O primeiro ciclo do rodízio em Curitiba ainda não se fechou, e as medidas tomadas para a economia de água durante o período da estiagem não parecem suficientes. A Sanepar concluiu que se a falta de chuvas perdurar e o consumo se mantiver nos níveis atuais, em 45 dias a bacia do Iraí entra em situação crítica atingida quando a barragem estiver com 25% da capacidade.
O gerente da Sanepar, Antônio Carlos Girardi, disse que a companhia não previu a falta de chuvas ao estabelecer o sistema de rodízio. Para ele, as pessoas devem continuar economizando, mesmo se a meta for atingida. "Estávamos considerando chuvas durante a semana e isso não está acontecendo", afirma.
A companhia não informou se vai aumentar o racionamento. Segundo Girardi, técnicos estão analisando a situação para avaliar providências mais drásticas. A barragem do Iraí estava 3,77 metros abaixo do nível normal ontem, o que representa em torno de 29% da capacidade. Na barragem Piraquara I, o nível baixou nove centímetros.
De acordo com o ex-presidente da companhia, Carlos Afonso Teixeira, a situação já é preocupante e as medidas para a economia de água deveriam ter sido tomadas há muito mais tempo. "Eles sabiam que ia ter estiagem. Exauriram as barragens a aí fizeram alarde. Se tivessem dado continuidade às obras previstas no tempo certo, hoje não existiriam problemas", critica. Teixeira acredita na possibilidade de que o racionamento tenha de ser estendido até o verão. "A menos que aconteça um dilúvio", ressalva. As previsões do Instituto Tecnológico Simepar porém não são animadoras: as precipitações previstas para as próximas semanas não contribuem para o aumento no volume dos mananciais.
O ex-presidente da Sanepar lembra que, caso as barragens atinjam 10% a 15% da capacidade, a água já não pode mais ser utilizada, porque não possui oxigênio e se mistura com impurezas no fundo dos reservatórios.
O doutor em Geologia Ambiental, Roberto Fendrich, concorda com o ex-presidente. "Se não se está atingindo a economia que a Sanepar pregou, é preciso ser mais incisivo", ressalta ele, que sugere a implantação de uma cota mensal de água por pessoa, como ocorreu na estiagem de 1985. Pelos cálculos de Fendrich, precisa chover de 180 a 200 milímetros para recuperar o nível da água.
O mestre em Engenharia de Recursos Hídricos, Cláudio Krüger, também defende o racionamento mais acentuado. "O pessoal que não sente o racionamento (os que possuem reservatório), não se sentem motivados a economizar", disse.
Rebatendo as críticas, a Sanepar informou que possui corpo técnico capacitado e, com a contribuição da população, acredita que até a chegada da chuva conseguirá administrar a água disponível.