Se um estudante pudesse escolher entre duas universidades de qualidade equivalente e uma fosse gratuita e a outra não, qual ele escolheria? A pergunta foi tema de artigo publicado em 2012 na Revista Brasileira de Economia por dois pesquisadores, Eduardo Azevedo, professor de economia na Wharton School of Business, e Pablo Salgado, doutor em Economia pela PUCRJ. Para eles, instituir uma cobrança para os mais ricos nas universidades públicas otimizaria os recursos investidos na área. “Ser admitido em uma universidade pública é uma espécie de prêmio do Estado. Mas se usa mal as poucas vagas da instituição. Quando você dá esse prêmio, a sociedade está pagando para uma pessoa que tem dinheiro para estudar, sendo que, se ela tivesse de pagar em ambas, talvez pudesse escolher a particular, abrindo vagas na pública. Não é incomum os pais mais ricos darem um carro para o filho que passa no vestibular. É uma prática cultural no Brasil. Comprar um carro, no fim das contas, é mais barato do que pagar por uma universidade privada”, analisa Azevedo.
O economista avalia que, desse modo, a distribuição de renda se torna desigual, já que os impostos, pagos por todos, auxiliam uma parte da população que não precisaria do custeio do governo para estudar. “Quando você aumenta impostos para dar esse dinheiro para a parcela mais rica, a eficiência da economia diminui”, acrescenta.
Gustavo Ioschpe, autor do livro A Ignorância Custa um Mundo – O Valor da Educação no Desenvolvimento, defende que as universidades públicas expandam o número de alunos matriculados e cobrem mensalidades. O economista sugere um modelo em que a pesquisa seja uma responsabilidade do Estado, financiada por instituições como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), enquanto o ensino deveria ser pago por quem poderia arcar com custos.
“Na parte de graduação, uma alternativa seria cobrar mensalidade e usar esse dinheiro para pagar os salários dos professores e a estrutura. Quem não puder pagar, pode provar com declaração do Imposto de Renda. A isenção deveria ser gradativa, até chegar naqueles que, na verdade, precisam até mesmo de uma ajuda de custo para se manter estudando. Estamos perdendo gente que poderia estar na universidade, mas não pode se sustentar. O sistema deveria dar financiamento para quem precisa”, defende.
Ele ressalta que, nas faculdades onde há mais expectativa de ganhos salariais no mercado, a concentração de alunos de alta renda é ainda maior. No curso de Medicina da USP, por exemplo, segundo dados da Fuvest, dos alunos matriculados no curso em 2015, 22,7% declaram renda familiar mensal superior a 20 salários mínimos. A proporção dos alunos com renda entre um e três salários mínimos não chega a 8% do total.
“Dizer que as vagas estão disponíveis para todos independentemente de classe é um engano. Entra quem tem condições de bancar uma escola particular ou um cursinho. A participação dos alunos pobres nas universidades públicas é normalmente relegada a cursos de baixa remuneração”, afirma Ioschpe.
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