Foi realizada na tarde desta sexta-feira (15), na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, a audiência de instrução de Eduardo Abib Miguel, filho de Abib Miguel, ex-diretor geral da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Eduardo se envolveu em um acidente que causou a morte de quatro pessoas e deixou uma ferida, no bairro Batel, em Curitiba, em dezembro de 2009.
O Ministério Público ofereceu denúncia crime contra ele em novembro de 2010, acusando Eduardo de homicídio com dolo eventual, quando o motorista assume uma conduta de risco de provocar a morte de outras pessoas.
Na audiência desta sexta-feira foram ouvidos, além de Eduardo, os dois peritos do Instituto de Criminalística que realizaram o laudo oficial sobre o acidente e os dois engenheiros contratados pela defesa para realizar uma perícia. Segundo o laudo oficial da perícia, Eduardo estaria trafegando a uma velocidade entre 117 e 121 quilômetros por hora. A defesa de Eduardo, no entanto, também fez uma perícia e contesta dados do documento, como por exemplo a velocidade em que Eduardo dirigia.
O promotor Marcelo Beck, responsável pela acusação, manteve a tese do Ministério Público de que Eduardo estava alcoolizado, dirigia em alta velocidade e furou o sinal vermelho. O promotor foi procurado pela reportagem, mas afirmou que não se manifestaria.
O advogado de Eduardo, Eurolino Sechinel dos Reis, afirmou que a audiência deixou "claro que quem furou o sinal foi o Citroën (outro veículo envolvido no acidente)". Para a defesa, Eduardo conduzia o veículo no limite permitido pela via, que é de 60 km/h. O advogado argumenta que a velocidade apresentada pelo laudo oficial é incompatível com a realidade dos fatos. Ele ainda considera que existem pontos falhos no laudo e questiona os equipamentos usados na perícia.
O advogado de defesa ainda ressaltou que Eduardo deixou a audiência "um pouco mais tranquilo", mas abalado pelo fato de o acidente ter resultado na morte de quatro pessoas, independente de quem seja culpa.
O caso seguirá agora para as considerações finais das partes. Após o Ministério Público, assistência de acusação e defesa realizarem as observações, caberá à juíza Christine Lopes definir se Eduardo será julgado pelo júri popular, absolvido ou se o crime passará a ser considerado delito de trânsito. O advogado de Eduardo acredita que a juíza deve se pronunciar em um mês.
A audiência desta sexta-feira seria realizada no dia 2 de junho, mas foi adiada porque um dos peritos que fez o laudo oficial do acidente não compareceu.
Acidente
O acidente com o filho de Abib Miguel ocorreu no início da manhã de 7 de dezembro de 2009. Ele dirigia uma caminhonete Pajero e teria furado um sinal vermelho na esquina da Rua Francisco Rocha com a Avenida Batel. O veículo dele bateu em um Citroën C3, com placas do Rio de Janeiro, que era dirigido por Felipe Pires, de 25 anos, no sentido Centro/Bairro. No carro, além de Pires, estavam Thayná da Silva Arcângelo, de 18 anos, que ocupava o banco da frente do veículo; Clóvis José de Jesus, de 39 anos; Alexandre Cuesta da Silva, de 29 anos; e Ana Karin Quintanilla Manzo, de 19 anos. Apenas Pires sobreviveu ao acidente. No dia do acidente, Eduardo Abib chegou a ser preso em flagrante, mas acabou liberado.
O inquérito policial do caso indica que Eduardo Abib apresentava sinais de embriaguez e dirigia em alta velocidade. Um laudo pericial concluiu que o acusado dirigia com velocidade entre 117 e 121 quilômetros por hora. O limite na via onde ocorreu a colisão é de 60 quilômetros por hora.
Eduardo Abib é filho do ex-diretor geral da Assembleia Legislativa. Abib Miguel, o Bibinho, está preso acusado de desvio de dinheiro público. O caso foi denunciado pela série Diários Secretos da Gazeta do Povo e da RPCTV.
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