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 | Hugo Harada/Gazeta do Povo
| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

O psiquiatra e educador Içami Tiba morreu neste domingo (02) aos 74 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada pela família. O sepultamento será amanhã no cemitério do Morumbi em São Paulo (SP), às 16h.

Autor de trinta livros, Tiba era referência do debate sobre a educação no Brasil, pois escrevia tanto para os pais, quanto para os educadores.

RELEMBRE: 10 pensamentos de Içami Tiba sobre educação

Durante as últimas duas décadas, Tiba foi um dos palestrantes mais requisitados do país pregando a necessidade de que as famílias e a escola passassem valores de ética e justiça para as crianças.

Filho de imigrantes japoneses chegados ao país na década de 1930, Tiba se formou em medicina na USP na década 1960. Em sua atuação profissional se tornou uma das vozes mais importantes no que toca ao relacionamento entre pais, filhos e escola. Seu livro Quem ama educa! publicado em 2002 já passou de 170 edições no Brasil e é referência para pais e educadores.

Vejo muita gente tentando resolver a violência sem falar em valores. Não vai funcionar

Içami Tiba

Defensor entusiasmado da transmissão de valores familiares às crianças, Tiba acreditava que a escola é um espaço que complementava a missão conjunta que começava em casa e acabava na sala de aula.

“A escola tem que estar um pouco mais preparada. Os pais devem ser parceiros com o processo iniciado pelos professores. Não dá para, na educação, o pai falar vinho e a mãe falar água. Desse jeito, o filho desanda. Os pais falam vinho e a escola fala água, aí o aluno desanda”, avaliou em entrevista à Gazeta do Povo em 2012

Para Tiba, a escola teria melhores condições de medir o desempenho do aprendizado do dos alunos “porque ela tem condições mais palpáveis e tem perto dela outros 200 da mesma idade”, mas a base deveria ser dada em casa.

Não dá para, na educação, o pai falar vinho e a mãe falar água. Desse jeito, o filho desanda.

Içami Tiba

O educador contestava, por exemplo a responsabilização de professores que davam más notas a alunos por pais que “compravam” eventuais indisposições dos filhos por conta de dificuldades no cotidiano escolar. Tiba pregava um “jogo limpo” entre as três partes desta equação.

“A escola tem melhores condições de ver o que está inadequado e vai detectar o que este aluno precisa. Os pais têm que aprender a entender o filho e não querer mudar a escola para adaptar a escola para o filho”, dizia.

Valores positivos

Tiba também defendia que era necessário recuperar um ciclo de transmissão de valores positivos sobre família e humanidade para as crianças. “Jovens que não tiveram nenhuma educação em valores vivem e aprendem o que aparece no momento, deixam-se levar por aquilo que é vigente. Quem tem valores sólidos dentro de si é capaz de olhar para uma situação sem ser envolvido por ela, e pode analisá-la e criticá-la”, disse.

Para ele, tanto pais quanto educadores precisavam reaprender a ter “paciência” para fazer com que os jovens estudantes entendessem, pelo exemplo e educação formal, valores éticos e morais para a vida adulta.

“A impaciência dos pais gera a impaciência nos filhos e a impaciência é a primeira semente para a pressa. Se a pessoa começa a ter pressa demais, fica irritada e depois fica agressiva. Se ficou agressiva, falta pouco para ficar violenta. Vejo muita gente tentando resolver a violência sem falar em valores. Não vai funcionar. É preciso mexer na semente e a semente é ensinar valores às nossas crianças”, disse à Gazeta do Povo em 2014.

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