Londrina Sete internos do Centro de Socioeducação, conhecido como Educandário, fizeram ontem uma rebelião que durou cerca de 40 minutos. Armados com barras de ferro, eles subiram no telhado e ameaçaram os educadores, que formaram um grupo de retenção suficiente para conter os adolescentes. A Polícia Militar foi chamada, mas não chegou a intervir.
A confusão começou por volta das 13h30. Os sete adolescentes, alojados na ala B, estavam em atividade, mas tentaram escapar e alcançaram o telhado depois de arrancar as grades que estavam sendo colocadas em substituição a um alambrado. "As grades foram colocadas há pouco tempo e ainda não estavam bem firmes. As barras de ferro que eles retiraram foram usadas como armas", disse a promotora da Vara da Infância e Juventude, Édina Maria Silva de Paula.
Os PMs que fazem a guarda externa na Casa de Custódia, ao lado do Educandário, viram os meninos no telhado e avisaram a direção da unidade, que acionou o grupo de retenção formado por educadores e pela PM. Treinados pelo Pelotão de Choque, os educadores sabem como agir em situações de crise. De acordo com o tenente da PM Rangel Calixto, apenas nas situações mais graves, com tomada de reféns, os educadores não atuam e a operação é realizada pelo Pelotão de Choque.
Mesmo cercados pelos policiais militares, que permaneceram durante todo o tempo na área externa da unidade, e pelos educadores que integram o grupo de retenção munidos de capacete, escudo e cassetete , os adolescentes recusavam-se a descer do telhado e ameaçavam os funcionários. Os educadores decidiram agir para conter os garotos, e os internos apanharam mesmo depois de imobilizados. Um PM e quatro educadores ficaram feridos, além de dois adolescentes mas, segundo o tenente Calixto, eles se machucaram ao subir no telhado. Uma equipe do Siate esteve no local para atender os feridos.
Segundo a promotora Édina, os adolescentes que se rebelaram vieram de outras unidades do Estado, como Cascavel, Foz do Iguaçu, Piraquara e Cornélio Procópio. "Aqui em Londrina estamos com a nata da nata do Estado. Eles tiveram problemas nos educandários por onde passaram, alguns já lideraram rebeliões e foram enviados para cá porque a unidade de Londrina é considerada modelo e tem mais condições de conter os meninos", declarou.
Sindicância
A promotora disse desconhecer as violências praticadas contra os internos, mas acrescentou que cabe à direção do Educandário abrir uma sindicância para apurar o caso. "Foram utilizados os meios necessários para conter os adolescentes. Se houve excessos, os responsáveis deverão responder por isso, assim como os meninos que se rebelaram", afirmou.
O coordenador dos educadores, Ricardo Peres, informou que será feito um relatório sobre a ação de ontem, com acompanhamento do juiz e da promotora da Vara da Infância e Juventude. "Foram usadas técnicas que nós treinamos para fazer a contenção. Eu estava lá e não vi nenhuma agressão", disse. "Vamos fazer um estudo de caso do início ao fim", acrescentou. Segundo Peres, os adolescentes que participaram da rebelião deverão responder a processo por incitamento e tentativa de homicídio. Além de medidas disciplinares, serão aplicadas ações pedagógicas. "Esses meninos chegaram há pouco tempo ao Educandário e ainda não têm comprometimento com a unidade", justificou o coordenador.
Inaugurado em 26 de julho de 2004, o Educandário de Londrina já passou por diversas crises e chegou a ser fechado em dezembro do ano passado depois que os internos destruíram boa parte do prédio durante uma rebelião. A unidade passou por reformas e foi reaberta em abril, mas os tumultos continuam freqüentes (veja cronologia acima). Desde a reinauguração, já foram registradas cinco rebeliões desde setembro, uma por mês. A unidade tem capacidade para 61 internos, com 10 vagas destinadas à recepção e adaptação ao Educandário. Por causa da reforma, no entanto, uma ala inteira está fechada e ontem havia 45 adolescentes internados.
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