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Com a pouca oferta, Marlene Miranda é obrigada a vender camarão da Bahia. | Felipe Lessa/Gazeta do Povo
Com a pouca oferta, Marlene Miranda é obrigada a vender camarão da Bahia.| Foto: Felipe Lessa/Gazeta do Povo

Acidente deixou quatro mortos

Quatro tripulantes morreram na explosão do navio Vicuña. A explosão aconteceu por volta das 19h45 de 15 de novembro de 2004, despejando cerca de 291 mil litros de metanol, óleo diesel e óleo lubrificante na Baía de Paranaguá. Foram atingidas quatro unidades de conservação: Parque Nacional do Superagüi, Estação Ecológica de Guaraqueçaba, Parque Estadual da Ilha do Mel e Estação Ecológica da Ilha do Mel. O óleo chegou ainda à Ilha da Cotinga e Guaraqueçaba.

O acidente aconteceu durante a descarregamento de uma carga de 11,2 mil toneladas de metanol, dos quais haviam sido descarregados 7 mil toneladas até o momento da explosão. O navio também possuía uma carga de 1,24 mil tonelada de óleo combustível tipo bunker, 150 toneladas de óleo diesel e 26 toneladas de óleo lubrificante. (MXV)

A explosão do navio Vicuña completa hoje quatro anos com muita reclamação de pescadores. Segundo eles, desde o acidente a quantidade de peixes na Baía de Paranaguá diminuiu. O presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Paraná, Edmir Manoel Ferreira, diz que o vazamento de metanol e óleo diesel foi o principal responsável pela queda de 60% no volume de pesca dos últimos anos, prejudicando 7 mil pescadores. "Desde a explosão, esses pescadores têm vivido com extrema dificuldade. Muitos tiveram que vender os barcos", afirma.

O próprio Ferreira desistiu de pôr seus dois barcos no mar – um está parado há um ano e o outro há seis meses. "O que você pesca hoje não paga os custos", alega. Para o período de sete dias no mar, o custo é próximo de R$ 3 mil com combustível, gelo e alimentação.

João Carlos Rosário Alves, 41 anos, é um dos pescadores que precisou procurar outra atividade. Casado, pai de cinco filhos, ele se mudou da Vila São Miguel para a cidade. Ainda trabalha como pescador, mas é obrigado a fazer bicos. "Antes chegávamos a pescar até 8 quilos por dia. Hoje, o máximo são 800 gramas", compara.

Comerciantes do Mercado do Peixe de Paranaguá também reclamam. Alguns são obrigados a revender frutos do mar de outros estados. É o caso de Marlene da Silva Miranda, que traz camarão branco da Bahia. "Antes a gente vendia 400 quilos de camarão por semana, hoje vende 40", comenta.

O secretário estadual de Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, afirma que a queda na produção não é resultado só do acidente, mas de uma conjunção de fatores que vem causando queda mundial. "Se o óleo ainda estivesse causando danos, teríamos peixes mortos na baía, o que não tem acontecido", alega.

Processos

Em agosto, o Ministério Público Federal (MPF) encaminhou à Justiça denúncia contra os possíveis responsáveis pelo acidente. Já os processos administrativos ainda tramitam no Instituto Brasileiro de Recursos Renováveis (Ibama), que cuidou do processo em relação às empresas que atuavam na água, e no Instituto Ambiental do Paraná (IAP), que ficou responsável pelas empresas que atuavam em terra. O Ibama autuou a proprietária do navio, a chilena Sociedad Naviera Ultragas (R$ 50 milhões), o terminal Cattalini (R$ 50 milhões) e o Porto de Paranaguá (R$ 1 milhão).

Já o IAP optou por fazer acordos com as empresas autuadas, para a recomposição do ecossistema. "Até porque algumas dessas empresas não têm como pagar os valores fixados", afirma Rasca. Foram autuadas pelo IAP a Catallini (também em R$ 50 milhões), a Methanex Chile (R$ 25 milhões), a Borden Química (R$ 12,3 milhões), a Synteko Produtos Químicos (R$ 4,4 milhões) e a Dynea Brasil (R$ 8,17 milhões).

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