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Água

Efeitos da estiagem poderão ser sentidos no verão

A estiagem que afeta Curitiba e região metropolitana pode trazer reflexos para o abastecimento de água também no próximo verão. Isso porque os reservatórios que atendem esses municípios – principalmente o Iraí e Piraquara 1, que estão com nível médio próximo do crítico – levam, em condições normais, em torno de quatro meses para recuperar um índice razoável, segundo alerta Nelson Luíz Dias, doutor em Ciência em Engenharia Civil e Ambiental. "Não sabemos quando a situação vai se reverter. Esse ano está sendo historicamente mais seco. E mesmo que chova, ainda leva um tempo para que as barragens voltem a estocar água", afirma.

Hoje, os volumes de água, somados, dos dois reservatórios chegam a de 26,53 milhões de metros cúbicos. Isso significa que, se o curitibano continuasse gastando a mesma quantidade de água que usava antes do racionamento, em três meses as reservas estariam totalmente esgotadas. Considerando-se a possibilidade da meta de redução de 20% ter sido atingida, esse prazo aumenta para 115 dias.

Além do consumo humano, a evaporação por altas temperaturas influencia nos resultados. Por isso, não é possível saber com exatidão até quando Curitiba teria água, explica o professor de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná, Eduardo Felga Gobbi. "É uma análise complexa. Os números jamais poderão ser totalmente corretos. Mas um reservatório como o do Iraí leva de seis meses a um ano para voltar à vazão total, se as chuvas forem normais (uma média de 1,5 mil milímetros por ano)", afirma Gobbi. Ele também defende que o baixo nível das barragens terá impacto na capacidade de abastecimento durante o verão, época do ano em que o consumo de água aumenta. "E as chuvas previstas para as próximas semanas vão apenas repor a umidade do terreno. Daí a estocar água, ainda há um longo caminho."

Colapso

Ainda segundo Gobbi, se houver nova estiagem no ano que vem, a falta de água será um problema muito maior e deve pegar o curitibano "de calça curta". "Os reservatórios que temos não estão dando conta e as obras da Sanepar não devem ser finalizadas em tempo para atenuar a crise no abastecimento", lamenta. De acordo com o professor, depois de pronto, um reservatório leva quase um ano para atingir a capacidade total de estoque. Ele cita como exemplo a barragem do Iraí, que levou um ano e dois meses para encher.

O mestre em Engenharia de Recursos Hídricos Cláudio Kruger está preocupado com a baixa reserva nas barragens. Ele acredita que, se o limite baixar muito mais, o sistema de abastecimento pode entrar em colapso. "Não existe segurança de que vamos ter chuvas consistentes em setembro. Curitiba não tem uma sazonalidade bem marcada, que garanta o volume de chuvas necessário para atenuar a estiagem", disse.

Na tarde de ontem, a barragem do Iraí estava 3,85 metros abaixo do nível, o equivalente a 27,9% da capacidade. Já o Piraquara 1 estava 5,66 metros abaixo do nível e com 45% de sua capacidade total. O Passaúna continua com um nível considerado tranqüilo pela Sanepar – na última medição, a barragem estava 1,13 metro abaixo do nível, com 79,1% da capacidade.

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