Comer aquela sobremesa de chocolate e ainda vestir uma calça 36 é o sonho de grande parte das mulheres. No entanto, enquanto a imensa maioria delas controla as calorias a dedo, às vezes passando a salada e água, uma pequena e sortuda parcela da população feminina faz de tudo para ver o ponteiro da balança subir.

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A estudante Jéssica Amaral, de 20 anos, tem 1,55 m de altura. Pesa 43 quilos (e 900 gramas!, como faz questão de enfatizar). Magrinha desde pequena, ela já chegou a pesar menos de 40 quilos. "A única época em que fui gordinha foi quando tinha 13 anos, pesava 56", conta. Bem, gordinha mesmo ela não era. Até os 18 anos, Jéssica conseguiu manter o peso próximo dos 50 quilos. Com o estresse da faculdade e do trabalho, voltou a emagrecer. "Na correria nunca tinha tempo de comer direito, não tomava café e comia bobagens fora de casa", diz. Cansada de tentar ganhar uns quilinhos, a estudante resolveu procurar a ajuda de uma nutricionista. Os resultados estão aparecendo: em pouco mais de um mês ela conseguiu ganhar quatro quilos.

A nutricionista Ana Flávia Pinheiro alerta que qualquer tratamento para perda ou ganho de peso, além de precisar de orientação especializada, não envolve apenas a questão alimentar. Segundo ela, o primeiro passo é descobrir o motivo que leva ao baixo peso. "É necessário levantar o histórico de saúde desse paciente e realizar alguns exames para descartar qualquer tipo de distúrbio ou doença", afirma. A primeira desconfiança é o hipertireoidismo, estado em que o metabolismo fica superacelerado. Existem ainda outras doenças mais graves como câncer e tuberculose, que levam à perda de peso repentina.

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Entretanto algumas pessoas simplesmente são magras a vida toda. Elas chegam a ter um gasto de até mil calorias a mais do que uma pessoa normal, inclusive em repouso. Nesses casos, engordar pode ser realmente difícil. Não há como impedir essa perda de calorias. A única maneira de compensar é ingerindo mais energia.

Para algumas pessoas, a genética também influencia. Segundo o endocrinologista Fabiano Lago, cada organismo tem o que os médicos chamam de ponto de equilíbrio, ou seja, não importa o quanto a pessoa engorde ou emagreça, o corpo tende a voltar a esse ponto.

A verdade é que, ao contrário do que muita gente pensa, ganhar peso pode ser muito mais difícil do que perder. A vendedora Denise Laertes, 22, tem 1,60 m e pesa 49 quilos. "Queria pelo menos 54", afirma. Depois de oito anos com o mesmo peso, ela decidiu tentar uma dieta especial, com 2.800 calorias diárias – vale ressaltar que um adulto consome em média 2.000). Mesmo com a alimentação hipercalórica e tomando suplementos durante seis meses ela não conseguiu engordar. "Minhas amigas ficam indignadas quando eu falo isso", comenta.

Embora invejadas, as magrinhas também sofrem, principalmente na hora de comprar roupas. Muitas precisam mandar fazer sob medida ou dar uma olhada na seção infantil. Afinal, não é toda loja que oferece calças número 34 (sim, em alguns casos a 36 ainda fica grande). Às vezes, o jeito é apelar para alguns artifícios. Quem é magrinha provavelmente já usou meia calça ou em casos extremos uma calça por cima da outra para disfarçar as pernas finas. "No inverno eu me realizo", brinca Denise. Sem falar ainda nas piadinhas e apelidos. Ser chamada de magricela, Olívia Palito ou ainda ouvir comentários do tipo "se virar de lado desaparece" ou "se bater o vento voa" são só algumas das coisas que as magrinhas são obrigadas a aguentar. "Acho que tem um certo preconceito sim, às vezes as pessoas acham que estou doente", conta Jessica.

Apesar das dificuldades do dia-a-dia, os médicos afirmam que ainda é mais saudável ser magrinho do que estar acima do peso. "Claro que não deve haver exageros", alerta Lago. E ressalta que mesmo os magros podem ter problemas de pressão alta e colesterol elevado se não se cuidarem com a alimentação e forem sedentários.

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