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Entrevista

“Ele morreu na mão de um animal”

 | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
(Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo)

Apesar da possibilidade de a defesa recorrer, o jornalista Vinícius Coelho comemorou o resultado do julgamento. Ele desaprovou a conduta dos advogados dos vigilantes, que a todo momento interrompiam o promotor. "Deveriam ter mais respeito um ao outro", disse. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Que avaliação o senhor faz do julgamento?

Fiquei satisfeito com a decisão, mas esse júri nos maltratou muito. Já tinha sido cancelado [em julho, quando a juíza Inês Marchalek Zaperlon descobriu parentesco entre uma jurada e o advogado de defesa de Marlon Janke, Nilton Ribeiro]. Pedi a Deus que desse inspiração ao nosso advogado [Adriano Bretas]. Ainda bem que tudo deu certo e ganhamos.

O que achou das interrupções durante os debates entre a promotoria e a defesa?

Foi um circo. O promotor queria falar e os advogados de defesa interrompiam. Fiquei decepcionado. Eu e minha família viemos aqui estraçalhados. Estamos estraçalhados há três anos e meio, nossa vida acabou. Não sou advogado, mas vi cenas hoje [sábado] que nunca havia visto em um júri. Deveriam ter respeito um ao outro, com uma conduta melhor.

E a exibição de fotografias do Bruno?

Foi algo que chocou bastante. Foi uma surpresa que o advogado [Bretas] preparou. Ele é espetacular.

Muita coisa mudou desde a morte do seu filho?

Imagine que até o cachorro dele morreu seis meses depois, um pastor alemão. Morreu de tristeza. Aliás, eu morri. Estou só sobrevivendo. A tristeza..., você não imagina o que é isso. Eu perdi dois empregos. Tenho medo de sair na rua. Tem horas que tenho medo de gente. Saio só com a minha mulher. Não posso sair sozinho senão desmaio. Já desmaiei duas vezes na rua. A nossa vida praticamente acabou.

Quais são as lembranças que ficam do Bruno?

A lembrança mais forte são aos domingos. Ou nós saíamos para o sítio do tio dele, na Estrada da Graciosa, ou íamos ao jogo do Cori­­­tiba. Ele era louco pelo Coritiba, adorava. São lembranças da companhia dele, ele estava sempre conosco. O Bruno era um tímido, apesar dos 1,83 de altura. E ele morreu na mão de um ‘animal selvagem’. (IR)

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