Os militantes do Partido dos Trabalhadores vão às urnas em 2 de dezembro para escolher a nova direção. Para a presidência nacional, há sete candidatos. Representantes de diferentes correntes do PT, eles falam à Gazeta do Povo sobre suas propostas. Todos estarão em Curitiba para debate no auditório da Faculdade Uniandrade, às 19 horas de hoje.
José Eduardo Cardozo, 43 anos Chapa: Mensagem ao Partido
Quais as principais propostas da chapa que o senhor representa? Nós achamos que é necessário mudar a forma de direção do PT para que possamos ter a revitalização do Partido dos Trabalhadores que hoje tem graves problemas de democracia interna. Em segundo lugar, a questão da ética deve ser destacada. Também temos de ter uma política de apoio aos movimentos sociais. Nos últimos anos, o PT se afastou da mobilização desses movimentos e isso deve ser retomado.
O PT vai superar a crise interna? A crise de 2005 é superável na medida em que o PT mostre muita firmeza na questão da democracia interna, da transparência das suas finanças e se a ética passe a ser colocada de maneira clara pela direção do partido.
Estar no governo abalou o partido? Não acho que estar no governo tenha causado problemas ao PT. O que fez foi nos trazer desafios, que resultaram em muitos acertos e como em todo desafio, alguns erros.
Gilnei Viana, 62 anos Chapa: Militância Socialista
Quais os principais pontos defendidos pela sua candidatura?Primeiro, queremos redemocratizar o partido e expurgar os vícios que levaram à crise de 2005. Segundo, vamos defender a autonomia do PT em relação ao governo Lula e trabalhar para o partido herdar o bom governo do nosso presidente.
A Presidência mexeu com o PT?O PT levou um choque brutal quando ganhou a Presidência da República. E nesse ponto eu identifico um desvio que vai dar no que chamo de lulismo, que possui algumas semelhanças com os ideais petistas, mas não é igual. Isso gerou uma crise de identidade e ideológica no partido.
Se o atual presidente do partido, Berzoini, ganhar, a política de centralização de decisões continuará? Não acredito nisso. Existe um fenômeno no PT que tende para uma desconcentração de poder. Então, quem vier a dirigir o PT agora terá que escutar os militantes, ninguém vai conseguir impor políticas.
Valter Pomar, 41 anos Chapa: Esperança Vermelha
Quais são suas propostas ?Temos dois objetivos: o primeiro é virar uma página na história do PT e superar esse período de acusações e o segundo é preparar o partido para vencer a eleição presidencial em 2010 com uma candidatura petista. Isso se traduz em cinco tarefas. Vencer as eleições municipais de 2008, reaproximar o PT dos movimentos sociais e partidos de esquerda, aumentar a influência do PT no governo Lula, criar uma escola de formação política do PT, criar um jornal nacional para os miliantes e organizar o primeiro congresso nacional da juventude petista.
Ser governo abalou as estruturas do partido? O governo Lula não é um governo petista, é um governo de centro-esquerda com aliados de direita e, dentro disso, sempre vai haver gente dentro e fora do PT que se decepcionará com algumas atitudes do governo Lula.
Como superar a crise de 2005? A crise que vivemos em 2005 tem como causa uma política de alianças com partidos de centro e de direita e pouca democracia interna. O efeito colateral disso foi o que a gente viu em 2005 e para solucionar é preciso uma nova política e um novo método de direção do partido.
Markus Sokol, 53 anos Chapa: Terra, Trabalho e Soberania
Quais as principais propostas da chapa?A intenção da nossa chapa é re-erguer o partido de modo que ele mostre ao governo que nós ajudamos a eleger algumas posições do partido que a atual direção não mostra. Hoje, estamos assistindo a uma contradição aguda entre aquilo que o partido quer e o que o governo faz, entre a história do partido e as alianças que o governo tem feito. É preciso que o PT tenha uma postura política para dialogar e questionar o governo.
Ser governo abalou o PT? É possível que alguns problemas já existissem dentro do partido, mas depois que assumiu o governo é que escândalos que nunca fizeram parte da história do PT surgiram. Ao se juntar a partidos de centro-direita, os problemas mais sérios do PT se iniciaram.
Dependendo do resultado da eleição, o PT corre o risco de rachar?Acredito que não. Abandonar o terreno da luta nunca foi a solução do problema e o processo para mudar a situação em que o PT está hoje é mais longo e envolve muito mais temas que uma mera disputa de presidentes.
José Carlos Miranda, 42 anos Chapa: Programa Operário e Socialista
Principais propostas?Defendemos que o PT tenha altivez e volte a combater o capitalismo. Para isso, é necessário deixar claro ao presidente Lula que é preciso romper com as coalisões de governo com lideranças que sempre estiveram contra as reivindicações do trabalhador. Não estamos falando de loucuras juvenis, mas de discutir as origens do partido e retomar as lutas históricas.
O PT corre o risco de rachar depois dessas eleições? Creio que não. O povo brasileiro ainda continua com situações de desemprego, com uma desigualdade social enorme. E quem deseja mudar essa situação não vai sair do PT.
Ser governo abalou o partido?Se um partido dirige uma campanha e ganha uma eleição é ele quem deve determinar quais caminhos devem ser tomados pelo governo. Mas o que acontece hoje é que o rabo é quem balança o cachorro, o governo que tem mandado no partido, e não o contrário.
Jilmar Tatto, 42 anos Chapa: Partido é Para Lutar
Quais as propostas para o partido? Radicalizar a democracia interna do PT e tornar o partido mais transparente possível. Reforçar a atuação do PT no movimento social, de forma a organizar e mobilizar os movimentos. Outro objetivo é preparar o partido para defender uma candidatura própria em 2010 à Presidência da República e articular o PT para as eleições municipais de 2008. Quero fazer com que o petista militante se sinta de novo orgulhoso de ser PT.
Ser governo abalou as estruturas do partido?De forma alguma. Nós adoramos ser governo e estamos governando bem. Tanto que nós estamos preocupados e já nos preparando para as eleições de 2010. Claro que ser governo não deve significar que o PT não deve continuar a ser ousado e se envolver com problemas sociais.
Se o atual presidente, Ricardo Berzoini, for reeleito o PT corre o risco de rachar? Acredito que o PT precisa dar uma chacoalhada para mudar e se renovar, para isso temos que ter caras novas na direção do partido. Caso o Berzoini seja eleito, os problemas e o partido vão continuar a existir.
O PT vai superar a crise interna?Nós estamos em uma fase de transição, a qual espero que se conclua até o fim de 2009. Espero que nesse período o PT possa se encontrar e por meio de planos de reestruturação supere a crise.
Ricardo Berzoini, 47 anos Chapa: Construindo um Novo Brasil
Deputado federal pelo estado de São Paulo, é o atual presidente do Partido dos Trabalhadores. Eleito em 2005 à presidência do partido, ele é o candidato do ex-campo majoritário que dominou o PT por dez anos. Durante todo o dia, a reportagem tentou entrar em contato com Berzoini, mas até o fechamento desta edição ele não retornou às ligações.