E agora?
Para o treinamento de carteiros, o técnico em segurança do trabalho Luiz Meyer conta que veterinários e donos de canis são consultados para explicar o comportamento dos cachorros. Confira as dicas repassadas aos profissionais.
Evite gestos bruscos. Até bater palmas pode ser considerado um ato desafiador para o animal, que quer guardar a casa ou a rua.
Não olhe nos olhos de um cachorro bravo. Eles se sentem ameaçados.
Se vir de longe uma situação potencialmente perigosa, não se arrisque. Vá para outra rua.
O que os donos de cachorros devem fazer
Mantenha seu cachorro em local que não ofereça riscos a quem está passando na rua. Se não quer deixá-lo dentro de casa, invista em maior proteção para o portão, deixando sempre com cadeado.
Mantenha a caixa de correio e os relógios de leitura em local apropriado.
Não deixe o cão solto na rua.
Observe se o profissional está identificado com uniforme e credencial antes de abrir a porta e deixar entrar. Pode acontecer de pessoas se fazerem passar por leituristas ou carteiros para praticar roubos.
Balanço
Registros de ataques a trabalhadores da rua tendem a aumentar. Ano passado, foram contabilizados 154 casos de ataques a carteiros no Paraná. Estima-se que um leiturista da Sanepar seja atacado por cachorros a cada seis deis e um leiturista da Copel a cada dez dias.
Depois de medir o consumo de água de uma casa, o leiturista da Sanepar Maurício Chaves levou uma série de chutes nas partes baixas. Ele se assustou com um cachorro pitbull que escapava pelo portão. Instintivamente, acertou o cão com a vara de medição e fechou o portão. O estrondo chamou a atenção dos donos, que saíram para tirar satisfações. "Nem revidei, já caí no chão. E teria apanhado mais se um colega não me socorresse", conta.
É o segundo caso de agressão física sofrida por leituristas da Sanepar só neste ano. O número chama a atenção porque não havia registro de violência contra os trabalhadores desde 2011. Ambos aconteceram na periferia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana. O outro leiturista agredido também bateu em um cachorro para se proteger. Um vizinho viu a cena e acertou o profissional com uma tábua de madeira. O agressor foi condenado, na última semana, a pagar uma cesta básica.
Revide
Os casos de violência são difíceis de explicar, mas o gerente de faturamento da Sanepar Denilson Sauer Belão acredita que pode ser uma espécie de "transferência de culpa". "Tem um vazamento e a conta de água sobe muito. O morador fica bravo e quer descontar em alguém", explica.
Em comum, as duas agressões têm uma mesma raiz: a possibilidade de um ataque por cachorro. Esta continua sendo a maior ameaça contra a integridade física de profissionais como carteiros, garis e leituristas de energia elétrica. Em 2013, um carteiro foi atacado a cada dois dias foram 154 casos registrados no Paraná. No caso dos leituristas da Sanepar, a média foi de uma mordida a cada seis dias. Um leiturista da Copel foi atacado a cada dez dias.
Em ruas consideradas de situação crítica aquelas em que os ataques de cachorros são frequentes a entrega de cartas é interrompida, seguindo um regulamento dos Correios. O bairro com mais ruas bloqueadas hoje é a CIC, seguido do Tatuquara, Bairro Novo e Hauer.
Para amenizar o quadro, uma iniciativa da Sanepar, Correios, Cavo e Copel com o sugestivo nome "Protecão" trabalha em escolas para conscientizar os alunos sobre o problema. A ideia é que as crianças levem a ideia aos pais. "Estamos trabalhando até junto com associações e lideranças de bairro", aponta o técnico em segurança do trabalho dos Correios, Luiz Meyer.
Arma na cabeça
Lúcio Deconto, que trabalhou 20 anos na impopular função de cortar a água de quem não pagasse a conta, já foi sequestrado e levou arma na cabeça. Sobre os dois casos, hoje dá risada. Certa vez, um morador o trancou em casa e só soltou com a chegada da polícia. Na outra situação, uma mulher o pegou "no pulo" enquanto mexia no relógio dágua. "Eu olhei pra cima e tinha aquele revólver na minha testa. A moça [moradora do Água Verde] disse você não vai cortar a água daqui não", lembra.
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