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Especialistas defendem ações que unem escola e universidade
A socióloga e ex-secretária do Ensino Superior e de Política Educacional do Ministério da Educação (MEC) Eunice Ribeiro Durham defende que universidades públicas mobilizem seus professores e alunos de licenciaturas para oferecer cursos que preparem alunos de baixa renda para o vestibular. "Temos de igualar as condições [de acesso]. Sou a favor de que as universidades públicas elaborem programas de cursos presenciais e a distância para preparar para o vestibular", afirma.
Já o coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR, Raul Von der Heyde, afirma que não é papel da universidade oferecer treinamentos específicos para os alunos do ensino médio. Ele aponta outro caminho. "Os cursos de licenciatura podem ajudar na preparação dos professores, com cursos de capacitação na rede pública. Assim como nossos alunos podem fazer estágios em escolas públicas. Se melhorarmos a qualidade do professor, melhoraremos as condições do aluno", diz.
Esse intercâmbio entre escolas e universidades públicas é defendido também pela diretora de Políticas e Programas Educacionais da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Fernanda Scaciota. "O graduando bolsista da universidade vai se preparando para o exercício da profissão na escola, aproximação importante para articular a teoria e a prática", afirma. (AC)
Depois de perceber que os estudantes sabiam muito pouco a respeito das cotas raciais e sociais e também não tinham informações sobre as formas de acesso ao ensino superior, a professora de Língua Portuguesa Débora Cristina de Araújo, doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), decidiu neste mês levar suas seis turmas de ensino médio de uma escola pública à UFPR. No próximo semestre, a visita será na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O objetivo é estimular os alunos a enxergarem a educação superior como um sonho possível.
A dificuldade de entrar em uma universidade concorrida como a UFPR muitas vezes assusta. Atualmente, cerca de 2% dos alunos que deixam o ensino médio na rede estadual do Paraná entram logo em seguida na Federal. Neste ano, 101.727 estudantes estão matriculados no terceiro ano do ensino médio dos colégios estaduais. No último processo seletivo da UFPR, no fim do ano passado, 16 mil candidatos estavam saindo do terceiro ano em escolas públicas. Desses, 2.147 (13,41%) foram aprovados, mais da metade deles em função das cotas sociais.
Débora conta que teve a ideia das visitas após oito anos de trabalho na rede pública. "Reconheço nos meus estudantes grandes potenciais e talentos, mas que muitas vezes acabam optando por seguir suas vidas profissionais fazendo cursos técnicos, por imaginar que a universidade é um sonho muito distante de suas realidades", afirma. Os mais de 200 alunos, que são do Colégio Estadual Genésio Moreschi, do município de Colombo, conheceram o câmpus Reitoria e o prédio histórico da Federal, na Praça Santos Andrade. Também tiveram palestras sobre cotas, moradias estudantis, bolsas e outros benefícios concedidos pela universidade.
Baixa procura
No último processo seletivo da UFPR, que oferece cotas desde 2004, sobraram vagas que estavam reservadas para negros e pardos isso ocorre frequentemente na instituição. O mesmo aconteceu com as vagas destinadas a quem cursou a educação básica em escolas públicas. Das oportunidades reservadas aos dois sistemas de cotas, 8% não foram preenchidas e acabaram sendo encaminhadas para a concorrência geral. Atualmente, 1.017 vagas, ou 20% do total, são destinadas a cada um dos dois tipos de cotas. Os candidatos da concorrência geral ficam com os 60% restantes e com as vagas que voltam das cotas por não serem aproveitadas.
"Depois das cotas aumentou a participação de quem veio de escola pública em cursos concorridos como Medicina e Arquitetura. Mas temos de considerar que, dentre as escolas públicas, há padrões diferentes, assim como há diferenças entre o Colégio Estadual do Paraná e um colégio da região metropolitana", afirma o coordenador do Núcleo de Concursos da UFPR, Raul Von der Heyde.
"Como sobram vagas, prova-se que, mesmo adotando as vagas preferenciais, os indivíduos têm uma base tão fraca que não passam na primeira fase do processo", avalia o professor de pré-vestibular Marlus Geronasso, idealizador do programa de tevê Eureka, criado para preparar os alunos de escolas públicas para os vestibulares.
Cursinho no contraturno nem sempre ajuda
Grande parte dos alunos que estudam em escolas públicas acaba procurando um reforço em cursinhos pré-vestibulares. Segundo o mestre em Educação Marlos Geronasso, que pesquisou o acesso de mais de 15 mil estudantes a universidades, lidar com esses dois expedientes pode ser um problema. "O volume de informações é muito grande e alguns não conseguem acompanhar. Sentem a deficiência da escola onde estudaram, que não deu subsídios, e têm dificuldades com o conteúdo, sobretudo na área de Exatas. As salas dos cursinhos começam cheias, mas vão arrefecendo ao longo do ano, pois eles desistem", explica.
O reforço pode acontecer dentro da própria escola pública. Neste ano, 1,2 mil alunos do Colégio Estadual do Paraná e de escolas de cinco municípios do estado ganharam um curso preparatório para o vestibular gratuito, ofertado no contraturno ou aos sábados. "Lançamos essa proposta do pré-vestibular para as escolas que têm essa possibilidade de oferecer, de acordo com as condições físicas, quantitativo de professores e demanda. A ideia é expandir para mais escolas. Acreditamos que, na medida em que as pessoas forem conhecendo e vendo os resultados, vão se interessar", afirma a superintendente da Educação da Seed, Meroujy Giacomassi Cavet.
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