A Araupel acusa o MST de promover danos ao meio ambiente e caça de animais nas áreas ocupadas pelos trabalhadores. Do outro lado, o MST sustenta que a empresa tenta “criminalizar” os trabalhadores e que a Polícia Militar “faz guarita na sede da Araupel”. “Nós temos facão, foice e enxada. Eles têm milícia armada”, afirma Lenon Wellington, que mora no acampamento Herdeiros da Luta e é responsável pela comunicação do MST.
“Nós temos um combinado coletivo: se houver caça, a pessoa tem que se retirar do acampamento”, alegou Wellington. Em relação ao corte de árvores, Wellington contesta a empresa. “A gente corta sim e não faz isto de forma escondida. São pinus, não são árvores nativas. E nós cortamos para plantar comida, feijão, arroz, batata, abóbora.”
De acordo com o Tenente Marcos Cesar Paluch, do Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde, não há necessidade de autorização prévia para o corte de árvores exóticas, como o pinheiro americano (pinus). “Nestes casos envolvendo os acampamentos, o problema é que a madeira seria da empresa. Então a retirada das árvores seria um furto”, diz Paluch, acrescentando que a fiscalização na região é complexa. “Não conseguimos entrar nos acampamentos, mas fazemos operações de madrugada em vias onde poderiam passar caminhões com madeiras. Os veículos com madeiras da Araupel teriam notas, por exemplo”, explica o tenente. Segundo ele, a última apreensão de madeira na região ocorreu no ano passado.
Nos registros da Polícia Ambiental, constam apenas duas ocorrências sobre caças de animais entre janeiro e julho deste ano, envolvendo áreas da Araupel ocupadas pelo MST. Em fevereiro, houve uma denúncia anônima sobre dois homens que estariam caçando na região. A Polícia Ambiental, contudo, não conseguiu confirmar o relato. Em junho último, a própria Araupel denunciou caça ilegal em suas terras, mas a Polícia Ambiental, ao chegar no local, encontrou apenas armadilhas, com alimentos para atrair animais, mas não conseguiu identificar caçadores.
Wellington também nega que os trabalhadores rurais tenham ameaçado funcionários da Araupel. “Nós fazemos resistência e luta. Então quando a gente tranca uma ponte, faz barreira, faz parte do nosso movimento, mas não impedimos ninguém de trabalhar. Ninguém arrancou bateria de máquina da Araupel. A gente não impede que eles retirem a madeira. Inclusive, no nosso último acampamento, tem ex-funcionário da Araupel. Gente nascida e criada no campo e que cansou de ser explorado”, diz.
No acampamento Herdeiros da Luta, onde Wellington vive, já há uma escola itinerante, mantida através de uma parceria com o governo estadual, e que fornece desde a educação infantil até o ensino médio. “São professores do próprio acampamento, que tem formação. Dentro do nosso movimento, estudo é prioridade”, declara Wellington, ao mencionar a chegada de energia elétrica na escola, por determinação do Ministério Público.
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