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João Guilherme e Marília: cha nce de trocar experiências e conhecer outro país | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
João Guilherme e Marília: cha nce de trocar experiências e conhecer outro país| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Internet e ação social também evangelizam

Entre os cerca de 2 mil jovens que participaram da 5.ª Convenção Nacional da Igreja Adventista da Promessa em Sumaré (SP), entre os dias 8 e 10 de julho, estava o auxiliar administrativo Anderson Silva Correa, 25 anos, de Curitiba. Um dos temas levantados durante o encontro foi o uso das redes sociais para pregar o Evangelho. "Onde nós vamos chegar daqui a 10 anos? Estamos numa geração em que o jovem precisa usar o Orkut e o Facebook. Então, foi trabalhada muito essa questão da mobilização, da evangelização pela internet", diz. O importante, segundo Correa, é que os jovens já expressem sua opção pela religião no perfil das redes sociais.

Quando o contato pessoal é necessário, a viagem é a solução. "Já fui várias vezes para encontros em São Paulo e em Santa Catarina, mas tenho colegas meus que já foram para a Argentina", afirma. O esforço é recompensado. "Fomos a muitos lugares estranhos e as pessoas sempre nos acolhem como se fôssemos da mesma família."

A estudante de pedagogia Raíssa de Oliveira Procópio Santos, 23 anos, saiu de Minas Gerais há três anos para viver no Paraná. Ela e o marido trabalham na Jovens com uma Missão (Jocum), em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A religião surgiu há 50 anos nos Estados Unidos e há 35 anos ganhou adeptos no Brasil. A missão é evangelizar por meio do trabalho social. Para isso, são enviados missionários para outros estados e países.

Raíssa já esteve em Angola, em 2008, por dois meses, para conhecer a realidade do país africano e ajudar pessoas pobres. Desde então, está no Paraná. No escritório em Ponta Grossa, ela auxilia membros de famílias conflituosas e faz trabalhos sociais. "Enten­demos que a teoria não muda a realidade e a ação é que a transforma", argumenta. A Jocum recebe pessoas de outras religiões, embora predominem os evangélicos. No Brasil, há 1,3 mil missionários como Raíssa. (MGS)

Ponta Grossa - O frio na barriga com a viagem de avião, o gasto aproximado de R$ 4 mil e a distância da família e dos amigos são barreiras que não afugentam os cerca de 13 mil jovens brasileiros que irão participar da Jornada Mundial da Juventude, promovida pela Igreja Católica em Madri, na Espanha, entre os dias 16 e 21 de agosto. Centenas deles sairão do Paraná. Serão 300 só de Curitiba.

O estudante João Guilherme de Mello Simão, 19 anos, partirá de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, para sua primeira viagem internacional. "Vivemos em um mundo globalizado, mas a chance de ficar frente a frente com as pessoas é muito rara. Essa experiência de partilha que será vivida durante a jornada será maravilhosa", comenta. Simão desembarca um pouco antes da Jornada em território espanhol. Ele participa da programação Dias nas Dioceses, que acontecerá de 11 a 15 de agosto e reunirá jovens vindos de todas as partes do mundo nas diversas capelas espanholas.

Os jovens trocarão o inverno brasileiro pelo verão europeu e, além de orar, poderão conhecer um pouco da arte europeia e da cultura dos mais diferentes países representados no evento. A Jornada deverá reunir pelo menos 1 milhão de pessoas.

A tela "A Deposição de Cristo", pintada no século 17 pelo italiano Caravaggio, será levada para o Museu do Prado, em Madri, e fará parte do calendário da Jornada. "Será uma oportunidade de conhecer coisas diferentes e partilhar uma experiência", lembra a servidora pública Marília Setknarski, 23 anos, de Irati, no Centro-Sul do Paraná.

O Papa Bento XVI falará à multidão na Praça de Cibeles. Quem vai ao encontro não esconde a ansiedade. "A jornada não tem centralidade na imagem do Papa. Mas, quem tiver sorte, dependendo do lugar em que estiver, conseguirá vê-lo", comenta o padre Joel Nalepa, 44 anos, de Ponta Grossa, que faz parte da delegação paranaense. É o Papa quem escolhe o tema da Jornada, que neste ano é "Enraizados e fundados em Cristo, firmes na fé".

Ajuda

A organização do evento providencia alojamentos para os visitantes, mas muitos ficarão em hotéis. Como as diárias encarecem ainda mais a viagem, os participantes arrecadam dinheiro com a comunidade. José Márcio Bolbek, que tem 40 anos, mas é "jovem de espírito", conta com a ajuda da paróquia de Ivaí, no Centro-Sul, para atravessar o Atlântico. "Fui escolhido pela minha paróquia e eles estão me dando apoio financeiro", conta. "Muitos estão vendendo bombom e pastel para reunir mais recursos", lembra o padre Alexsander Cordeiro Lopes, assessor do Setor de Juventude da arquidiocese de Curitiba, que também viajará a Madri.

Herança do Papa João Paulo II, a Jornada é realizada desde 1985, com intervalos de dois e três anos. A última delas ocorreu em Sydney, na Austrália, em 2008. O Brasil já pediu à Santa Fé para ser sede do próximo evento, em 2013. Se o pedido for concedido pelo Papa, será a segunda Jornada realizada na América Latina, já que a Argentina sediou o encontro em 1987.

Jovens voltaram a procurar respostas na religião, diz teólogo

O teólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Mário Antonio Betiato acredita que os jovens de hoje estão mais envolvidos com as religiões do que antigamente porque procuram respostas que o mundo contemporâneo não tem como fornecer.

Ele retorna ao Iluminismo, que pregava a valorização da razão no século 18, para dizer que a modernidade praticamente baniu a ideia de eternidade -- um conceito que não pode ser explicado pela ciência. "Deus foi expulso pela porta da frente pela modernidade", com­­­para Betiato. Nesse conflito, o jovem, e as pessoas de maneira geral, segundo o teólogo, procuram a "transcendência" e a encontram mais facilmente na religião.

"Muito jovem procura Deus na maconha, nos esportes radicais, nas torcidas organizadas que usam de violência, e outros procuram Deus na sua religião", analisa o teólogo da PUCPR.

Segundo o Censo 2000, os jovens entre 15 e 29 anos são quase 30% da totalidade de membros de suas religiões. O estudo detalhado do Censo 2010, no quesito religião, só deve ser divulgado dentro de seis meses. Para Betiato, essa parcela é significativa. "Os casais estão tendo cada vez menos filhos. Os jovens do agora são os últimos das gerações de famílias numerosas. A parcela de jovens vai ficar menor em relação às outras faixas etárias. Por isso, é tão importante esse movimento jovem na religião", aponta.

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