Imagem ilustrativa| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo/Arquivo

Em seis anos, Curitiba perdeu 26% leitos pediátricos da rede pública de saúde. De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre 2010 e 2016, 73 leitos destinados à internação de crianças por mais de 24h pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foram fechados, caindo de 388 para 292.

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O estudo leva em consideração dados baseados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde. Os dados da SBP foram coletados em todos os estados do Brasil e mostram que, em seis anos, 10 mil leitos pediátricos fecharam no país.

Leitos infantis fecham mais do que os adultos

O número de leitos infantis fechados em Curitiba é superior ao leitos clínicos de adultos. Em consulta ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Ministério da Saúde, percebe-se que, entre 2012 e 2016, a redução de leitos clínicos adultos foi de 21%, indo de 888 para 693. O CNES não permite pesquisa em período anterior a 2012 no sistema do Ministério.

No Paraná, a redução de leitos clínicos pediátricos é muito superior à redução de leitos clínicos para adultos. Entre 2012 e 2016, os dados do CNES mostram que 3,9% dos leitos destinados a adultos fecharam, saindo de 6.903 para 6.634.

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A superintendente de Gestão em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçalak, analisa que tanto o perfil demográfico da população curitibana quanto o perfil epidemiológico mudaram neste período. Nestes seis anos, a natalidade em Curitiba caiu 8,5% de acordo com os dados da secretaria, o que resultaria em uma demanda menor dos serviços de saúde. “Houve também uma melhora na condição de vida das famílias e uma mudança das internações clínicas de crianças, que é o número de leitos que o estudo de refere”, destaca Márcia.

De acordo com a gestora, Curitiba soma 526 leitos pediátricos - sendo 292 clínicos, 55 cirúrgicos, 66 de UTI neonatal, 48 na UTI pediátrica e 54 unidades de cuidados intermediários, em que a criança precisa de equipamentos especiais. “Hoje, o que mais se necessita é de leitos de UTI neonatal, já que 70% dos casos de mortalidade infantil acontecem até os 28 dias após o nascimento”, afirma.

Leitos também caíram no Paraná

No estado, a situação não é diferente. Nos seis anos analisados pela Sociedade Brasileira de Pediatria, o Paraná teve 27% dos leitos clínicos pediátricos da rede pública fechados, passando de 3.160 para 2.301 de acordo com o estudo. Além dos leitos clínicos destinado a crianças, os dados da Secretaria do Estado da Saúde mostram que existem também 223 leitos pediátricos cirúrgicos no estado, somando 2.524 leitos.

De acordo com a assessora da Rede Mãe Paranaense, Debora Bilovus, o atendimento primário das crianças é prioridade no programa, o que reduz o número e o tempo de internamentos clínicos. “Trabalhamos com a lógica da atenção primária de promoção da saúde, com estratégias de atendimento para que a criança não venha a ficar doente. E, caso precise de internamento, com o atendimento primário, o tempo no hospital acaba sendo menor”, sustenta. Segundo Debora, as vagas na rede pública são suficientes para atender as crianças no Paraná.

UTI neonatal no estado

Hoje, o Paraná dispõe de 392 leitos de UTI neonatal e “aluga” outros 59 leitos na rede particular, pagos com recursos próprios, que não são cadastrados no CNES, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A estimativa do Departamento Científico de Neonatologia da SBP é que são necessários pelo menos 4 leitos para cada mil nascidos vivos. Uma portaria do Ministério da Saúde considera que sejam necessários 2 leitos para cada mil nascidos vivos. Hoje, de acordo com o levantamento da SBP, o Paraná tem 3,55 leitos para cada mil nascidos vivos.

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