Reunidos em assembleia da APP-Sindicato no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, os professores da rede estadual de ensino decidiram encerrar a greve da categoria, que, em sua segunda fase, já durava 45 dias. Por maioria, os cerca de 10 mil presentes decidiram acatar a proposta de reajuste salarial feita pelo governo do estado, após negociação intermediada por deputados estaduais. A assembleia começou por volta das 9h30 e durou cerca de duas horas. Após a votação, o sindicato convocou os alunos e anunciou que as aulas voltam a partir desta quarta-feira (10).
Com reajuste parcelado, governo Richa ganha “ano perfeito” para recuperar as contas públicas
Leia a opinião de Rogério Galindo, do blog Caixa Zero.
A proposta de reajuste consiste em o estado pagar 3,45% de aumento (referente à inflação de maio a dezembro de 2014) em uma única parcela, em outubro deste ano. A inflação referente a 2015 será zerada em janeiro de 2016. As perdas inflacionárias de 2016 devem ser pagas em janeiro de 2017 – quando os servidores também ganham um adicional de 1%. A proposta prevê ainda a reposição da inflação de janeiro a abril de 2017 em 1.º de maio daquele ano – quando a data-base do funcionalismo estadual voltaria a ser em maio.
Os servidores prometem acompanhar toda a tramitação do projeto de lei do reajuste na Assembleia Legislativa do Paraná. Na manhã desta terça-feira (9), três deputados estaduais do PT, Tadeu Veneri, Péricles de Mello e Professor Lemos, acompanharam a assembleia dos professores.
Confira imagens da assembleia dos professores.
“Voltamos ao trabalho de cabeça erguida. Foi uma greve com muito envolvimento da sociedade, muita mídia, muito jornalismo. Uma greve com projeção mundial. Agora, vamos continuar vigilantes, nesses quatro anos do governo, dia e noite. Qualquer falta de compromisso, voltamos para a greve”, afirmou Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato, após a decisão pelo fim da paralisação.
Sem consenso
Apesar da decisão pelo fim da greve, a categoria se mostrou dividida durante a assembleia desta manhã. Enquanto eram feitos os posicionamentos - seis a favor do fim da paralisação e seis contra - eram ouvidos gritos das arquibancadas de “a greve continua”. No contraponto, haviam também gritos de “eu tô na luta”, o bordão que estampa camisetas e adesivos confeccionados pela APP-Sindicato.
Por fim, a maioria decidiu acatar a recomendação do comando estadual da greve pelo término da paralisação e continuidade de um “calendário intenso de luta no nosso dia a dia”. A posição do comando estadual da greve foi definida em uma reunião que durou até 23h30 de segunda-feira (8). No encontro, 23 dos 29 núcleos sindicais de todo o estado votaram pelo fim da greve.
Independente da posição dos servidores sobre os rumos do movimento, as críticas ao governo estadual marcaram os discursos feitos durante a assembleia. A proposta de reajuste salarial apresentada pelo Executivo não agradou a categoria e o retorno às aulas, na visão de dirigentes do sindicato, ficou mais atrelado à possibilidade de perder o apoio da sociedade e à dificuldade na reposição das aulas.
O sindicato também acredita que o fim da greve só foi possível porque há um compromisso da Secretaria de Educação em não descontar no salário os dias de greve e não punir diretores grevistas. Secretaria e sindicato também devem sentar juntos para definir um novo calendário escolar. Uma decisão conjunta sobre o tema também foi considerada importante pelos professores para dar fim à greve.
Discursos
Em seu discurso na assembleia antes da votação, o presidente da APP-Sindicato destacou as conquistas da categoria durante a mobilização. Ele ressaltou que professores e professoras “botaram pra correr um poderoso delegado da Polícia Federal”, em uma referência ao pedido de demissão do deputado federal Fernando Francischini do cargo de secretário da Segurança do Paraná.
O sindicalista também criticou o governador Beto Richa (PSDB) e suas declarações após a batalha do Centro Cívico, quando mais de 200 manifestantes contrários à reforma da previdência estadual ficaram feridos pela violenta repressão da Polícia Militar (PM). “Primeiro fez aquele discurso piegas, sobre o quanto ele estava ferido. Na semana seguinte, disse que nós queríamos um cadáver naquele dia”, disse Leão.
Outras greves
Em discurso na assembleia, Marlei Fernandes, representante da APP-Sindicato e presidente do Fórum das Entidades Sindicais (FES), que congrega servidores públicos do estado, cobrou uma auditoria das contas do governo do estado. O FES deve se reunir na tarde desta terça-feira (9) para consolidar uma posição final sobre todas as greves no estado. Sindiseab e Sindsaude também deliberaram nesta manhã pelo fim do movimento grevista.
Governador se pronuncia
Em uma postagem no Facebook, o governador Beto Richa (PSDB) comentou a decisão dos professores pelo fim da greve. De acordo com ele, os alunos “enfim, terão o seu direito de voltar às salas de aula”.
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