Tarifas
Diferente do sistema brasileiro, não há passagens grátis por lá
No sistema Transmilenio não há gratuidades. O modelo de subsídio público é distinto do brasileiro, há modelagem tarifária que varia com o horário e só podem usar o sistema os usuários que tiverem cartão transporte.
Idosos, estudantes e pessoas em situação de extrema pobreza pagam tarifas diferenciadas, mas a diferença não é dividida entre os outros usuários. Para bancar o custo, o município arca com o valor que faltaria para completar a tarifa. A ajuda financeira do município não vem para bancar o custeio do sistema, mas há um fundo de contingência para transporte que apoia a implantação de novas tecnologias.
Para diluir o movimento nos horários de pico, foi criada uma tarifa diferenciada, mais baixa no período em que há mais ociosidade. A tarifa cheia no BRT custa 1.700 pesos colombianos (pouco menos de um dólar), e nos horários de menor movimento, 1.300 pesos. Nos ônibus alimentadores, as tarifas são diferentes.
Além disso, a cidade se mostrou eficiente para combater os fura-catracas: o índice de evasão é de 1% e é considerado alto. Para evitar que os usuários usem os ônibus sem pagar, foi investido em fiscalização e barreiras físicas. Jovens que prestam o equivalente ao serviço militar fazem a atividade como serviço comunitário.
Diversidade
Cidade também mira o uso de outros modais
Com 9 milhões de habitantes, Bogotá aposta na promoção de outros modais de transporte, como a bicicleta, e na imposição de restrições ao uso de carro como instrumentos para promover mudanças na mobilidade urbana. Nos eixos troncais de transporte mais novos, onde circulam as linhas de BRT, já existe uma malha cicloviária definida. As pistas ficam entre as estações de embarque, com separação total do tráfego de ônibus e veículos, mas ainda precisam ser expandidas para mais eixos do sistema.
Para os carros, há um rodízio, semelhante ao que já existe em outras cidades: em um dia, circulam apenas carros com placas pares; em outro, os ímpares. A medida também é válida para os táxis. A cidade até tentou restringir o fluxo de carros durante todo o dia, mas por causa da grande rejeição à medida, precisou flexibilizar e definir um horário de menor movimento, em que todos os veículos podem circular.
Os sistemas de transporte público podem ir além da melhoria da mobilidade urbana e ser o ponto de partida para a evolução tecnológica e sustentável de uma cidade. Essa é a proposta que Bogotá, capital da Colômbia, transformou em política pública em outubro de 2013, com o Plano de Melhoria Tecnológica. A cidade quer ser uma vitrine desses aspectos para o resto do mundo. O objetivo principal é melhorar a qualidade do ar e promover avanços na saúde pública, de olho na qualidade de vida de toda a população.
O trabalho começou pela rede de ônibus, cujo modelo foi inspirado em Curitiba, e conta com 13 mil veículos para transportar, em média, 2,2 milhões de colombianos todos os dias. O plano determina a substituição gradativa de ônibus movidos a diesel por outros com baixa ou zero emissão de poluentes. Em paralelo, a Transmilenio, gerenciadora da rede, também aposta na adoção de veículos articulados, para diminuir o tamanho da frota e manter a capacidade de transporte.
"A alta capacidade é necessária para melhorar o sistema, imprimindo mais velocidade e eficiência", diz Sergio París, presidente da Transmilenio. A cidade desenvolveu uma rede complexa de ônibus: são 112 quilômetros de linhas troncais, por onde passa o BRT (ônibus de transporte rápido, na sigla em inglês), além do sistema de alimentadores, que passa por mudanças devido a uma nova licitação do sistema.
Além disso, a implantação dos ônibus híbridos já começou. Desde abril, são 200 veículos movidos a biodiesel e energia elétrica que circulam pelas ruas da capital colombiana. "Quando começou a se falar de ônibus híbridos, não acreditávamos que teríamos essa tecnologia, era algo fora de alcance. Hoje, estão rodando. Os êxitos que teremos não serão em curto prazo, são processos de maturação", defende París.
Os híbridos circulam em um dos eixos troncais, o corredor verde da Rua Sétima. Além dos veículos, há uma proposta de aumentar a arborização na cidade. Nesse corredor, como parte do processo de transformação de Bogotá, já estão implantados 20 pontos de parada com teto verde.
Por enquanto, os ônibus híbridos adquiridos são da Volvo, que promete emitir 17,5 toneladas de CO2 por ano a menos que um veículo convencional. Apesar de terem um custo inicial mais alto que o de ônibus convencionais, París afirma que a economia de combustível ajuda a bancar os custos, além da liberação de publicidade externa nesses veículos. No caso, a verba com anúncio não só ajuda a bancar o investimento, como se reverte em receita para o sistema. A expectativa é arrecadar 2,7 milhões de euros por ano com propaganda.
Na visão de París, cabe às cidades procurar na indústria soluções que ajudem a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. A proposta de Bogotá é de ser uma incubadora de novas tecnologias, por isso, os governantes estão atentos ao que está disponível no mercado.
Curitiba inspirou sistema colombiano
O Transmilenio, sistema de BRT de Bogotá criado em 2001, foi inspirado no modelo de Curitiba, mas superou o criador por necessidade. Cidade espraiada, Bogotá precisou apostar em uma rede eficiente de transporte, que aliasse rapidez e qualidade para atrair novos usuários.
Depois de 13 anos, o sistema sofre com alguns problemas estruturais como o atraso na implantação de novos corredores e operacionais. Para Segio París, presidente da Transmilenio, a cidade precisaria de mais 200 quilômetros de corredores de ônibus, o que ajudaria a acomodar a demanda de viagens, que cresceu 25% no último ano, com o acréscimo de 225 mil passageiros.
Por outro lado, é preciso manejar a frota e reestruturar os serviços. Em Bogotá, as estações são amplas e há mais de um ônibus por parada. Para eles, é preciso melhorar a comunicação visual, para permitir que os usuários visualizem com mais facilidade as linhas que vão usar.
A cidade também estuda a adoção de faixas exclusivas, para quando os ônibus precisam sair das troncais. Nesse caso, o próprio veículo híbrido é um teste. Com piso alto, as portas do lado esquerdo são elevadas, para permitir o embarque em nível nas estações de transporte. Já para garantir a movimentação em outras zonas da cidade, os veículos possuem portas com escadas e elevadores do lado direito, que permitem a parada em pontos de ônibus comuns.
A repórter viajou a convite da Volvo.
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