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Biodiversidade

Em busca da Curitiba voluntária

Quando março chegar, Curitiba será por alguns dias o mais completo mosaico cultural do mundo. À sua paisagem urbana se incorporará gente de todos os cantos, de todas as cores, línguas e culturas. Aos milhares, africanos, europeus, asiáticos e americanos vão compartilhar as ruas com o curitibano do Batel e do Xaxim, da Caximba e das Mercês. Será uma rara ocasião para os daqui provarem às más línguas que não lhes cabe a pecha de povo frio e avesso a estranhos. E isso não requer esforço, basta deixar aflorar seu espírito voluntarioso.

É atrás de gente assim, disposta a interagir com os diferentes povos, que está a coordenação local do MOP-3 e COP-8, eventos de biodiversidade e biossegurança que as Nações Unidas farão na capital paranaense, o primeiro de 13 a 17 e o segundo de 20 a 31 de março. Os coordenadores esperam recrutar três mil voluntários para ajudar na recepção aos cinco mil estrangeiros que virão à cidade. Quinhentos já estão cadastrados. Estão sendo recrutados nos mais diversos lugares, de universidades a clubes de serviço, de consulados a igrejas evangélicas.

Um requisito fundamental é falar a língua dos gringos. Antes, passarão por um curso de capacitação de 12 horas. Cada voluntário aprende as particularidades culturais e os costumes do país da comitiva que irá recepcionar. "Quando alguém viaja a outro país, sem conhecer o idioma e os hábitos locais, precisa de alguém que o entenda", diz a coordenadora do Projeto Voluntários, a professora universitária Magali de Macedo. "Nossa intenção é atendê-lo bem para que um dia volte como turista."

Liderança

Magali pretende formar 131 líderes de células, cada uma com pelo menos 20 voluntários. Eles serão divididos conforme a área de afinidade. Estudantes do curso de Turismo, por exemplo, irão preferencialmente para os hotéis. Há quatro classificações de voluntários. Os "anjos" acompanharão o tempo todo e em todos os lugares as comitivas estrangeiras. É imprescindível que falem o idioma dos integrantes dessas comitivas.

Os "busers" ficarão nos ônibus da linha exclusiva das comitivas que participarão dos eventos oficiais, passando pelos hotéis conveniados até o Expotrade, em Pinhais, onde acontecem o COP-8 e o MOP-3. Os "hotlers" estarão em dupla nos hotéis conveniados para atender aos estrangeiros, do check-in ao check-out, com dicas de deslocamento e horário de ônibus, por exemplo. Já os "jokers" serão os coringas que poderão atuar em qualquer uma das situações anteriores.

Falar uma língua estrangeira é importante, mas não é motivo de exclusão do voluntário. O estudante Clayton Marques, 18 anos, não fala inglês nem francês, muito menos maláio ou hindu, mas ganhou seu espaço na organização do comitê local. Prestes a iniciar o curso de Jornalismo na PUC-PR, tem feito um grande investimento pessoal para fazer parte dessa legião de voluntários. Para ele não tem sido fácil desembolsar R$ 3,60 todos os dias para se deslocar de ônibus do Bacacheri, onde mora, até a sede do Projeto Voluntários, no Centro.

Oportunidade

Clayton acredita que terá, literalmente, um mundo de oportunidades às suas mãos trabalhando em meio a gente de 188 diferentes nacionalidades. Para ele, o conhecimento que vai adquirir é maior do que qualquer remuneração financeira. "Para um jovem é melhor crescer pessoal e profissionalmente do que ganhar dinheiro", diz. Além desse conhecimento todo, Clayton e os demais voluntários também vão somar pontos no currículo. O curso de capacitação de 12 horas que fizeram ou estão fazendo numa universidade equivaleria a um curso de extensão.

Todos saem do curso com um certificado, depois de aprender sobre liderança e motivação, protocolo e etiqueta internacional, sinais de alerta de saúde, segurança internacional e biodiversidade e biossegurança (este, temas dos eventos das Nações Unidas). "Qualquer um pode ser voluntário, basta ter vontade", diz Magali. "Há casos de pessoas com pós-doutorado no Exterior que querem participar de qualquer jeito, mesmo que seja para carregar as malas dos participantes".

Pessoas com mais de 18 anos e que preferencialmente falem ao menos uma língua estrangeira podem se cadastrar como voluntários no cômite que organiza as conferências das Nações Unidas sobre biodiversidade e biossegurança. O cadastro é pelo site www.cop8mop3.com.br. Participantes de 188 países farão parte do staff das conferências. Os voluntários darão informações aos participantes não apenas do evento, mas também da cidade.

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