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Em carta, reitor da Uerj acusa governo de forçar fechamento da universidade

Instalações da Universidade do Estado do Rio de Janeiro | Thiago facina /UERJ / Divulgação
Instalações da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Foto: Thiago facina /UERJ / Divulgação)

O reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Ruy Garcia Marques, com apoio de antecessores, divulgou na tarde desta terça-feira (10) uma carta em que acusa o governo do estado de “desprezar o ensino superior” e “de forçar o fechamento” da universidade. No documento, chamado “A Uerj e o futuro do Rio de Janeiro”, ele cita a importância da Uerj - a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo ranking da Times Higher Education de 2016 , e a 20ª entre todas as universidades da América Latina - para a economia do estado. Ao fim, o reitor destaca que a Uerj vem sendo sucateada, “numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso estado”, e, sem citar o nome do governador Luiz Fernando Pezão, diz que “a Uerj e o estado são perenes, os governantes não”.

A carta é assinada também pela vice-reitora, Maria Georgina Muniz Washington, e tem o apoio dos ex-reitores Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida e Ricardo Vieiralves de Castro.

Garcia Marques afirma no documento que a Uerj, que vem agonizando com a crise financeira do estado, tem 35 mil alunos em seus cursos de graduação, mais de quatro mil em cursos de mestrado e doutorado e cerca de dois mil em cursos de especialização, além de 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação - CAp-Uerj). Fora o Campus Maracanã e das unidades externas, ele ressalta que a Uerj conta com o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), com mais de 500 leitos, dez mil internações ao ano e mais de 180 mil consultas ambulatoriais especializadas anuais.

“Fica clara, portanto, a importância da Uerj no cenário educacional de nosso estado, bem como seu impacto positivo para a nossa economia, preparando recursos humanos muito qualificados para as áreas da indústria, da tecnologia, do comércio, da educação, da saúde e da pesquisa avançada. Um sem-número de nossos alunos tornam-se inovadores e empreendedores, gerando empregos e riquezas para o Rio de Janeiro”, diz um trecho.

*** Leia a carta na íntegra:

A Uerj e o Futuro do Rio de Janeiro

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ao longo das suas mais de seis décadas de existência, cresceu e firmou-se como uma das principais universidades do País. Atualmente, é a 11ª colocada em qualidade entre as 195 universidades brasileiras, segundo o ranking da Times Higher Education de 2016, e a 20ª entre todas as universidades da América Latina.

Quando se considera o item “inserção de seus alunos no mercado de trabalho”, a Uerj ocupa o 8º lugar e, no item “produção científica”, ela é a 9ª, segundo o ranking das universidades brasileiras da Folha de São Paulo.

São cerca de 35 mil alunos em seus cursos de graduação, nas modalidades presencial e de ensino a distância, mais de 4 mil em cursos de mestrado e doutorado, cerca de 2 mil em cursos de especialização e 1,1 mil nos ensinos fundamental e médio (Instituto de Aplicação ? CAp-Uerj). Além do Campus Maracanã, dispõe-se em 13 unidades externas, constituindo seis campi regionais espalhados pelo Estado do Rio de Janeiro, colaborando com seu desenvolvimento regional.

São também da Uerj unidades de saúde, como o Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), a Policlínica Piquet Carneiro (PPC) e a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), esta última um importante projeto de extensão, com várias premiações internacionais.

O HUPE é um dos maiores e melhores hospitais do Rio, com mais de 500 leitos, 10.000 internações/ano e mais de 180.000 consultas ambulatoriais especializadas/ano. A PPC é responsável por mais de 200.000 consultas/ano e cerca de 8.000 cirurgias ambulatoriais/ano.

Fica clara, portanto, a importância da Uerj no cenário educacional de nosso Estado, bem como seu impacto positivo para a nossa economia, preparando recursos humanos muito qualificados para as áreas da indústria, da tecnologia, do comércio, da educação, da saúde e da pesquisa avançada. Um sem-número de nossos alunos tornam-se inovadores e empreendedores, gerando empregos e riquezas para o Rio de Janeiro.

Todos sabemos que a criação de novas indústrias no Rio de Janeiro é um ambicioso projeto de nossos governantes. Como elas poderão se instalar e continuar a oferecer empregos, sem a geração da mão de obra necessária? Como produzirão renda, sem a capacidade instalada laboratorial necessária para gerar inovação? Como produziremos riqueza, sem o conhecimento?

Não há progresso sem educação! São senhores do tempo aqueles que elegem a educação como prioridade, ninguém mais duvida disso.

Foram tempos difíceis aqueles em que a educação não era considerada um direito. Árduos tempos em que se tenta a efetivação do direito à educação em todos os níveis.

Há anos, um enorme esforço tem sido exigido por nossa sociedade nesse sentido. O esforço de um batalhão de operários da educação, em todos os níveis, tem sido recompensado por instituições educacionais mais pujantes para abraçar os ideais de uma sociedade justa e fraterna.

Entretanto, a Uerj está sendo sucateada, numa absoluta falta de visão estratégica por parte dos governantes do nosso Estado, a quem incumbe o financiamento de uma universidade pública e inclusiva como a nossa.

Desprezar o ensino superior, a pós-graduação e a pesquisa é apostar na miséria, na violência e num futuro sem perspectivas positivas.

Forçar o fechamento da Uerj é não pensar no futuro de nosso estado e de nosso país.

A Uerj e o Estado são perenes, os governantes não.

Ruy Garcia Marques - Reitor

Maria Georgina Muniz Washington - Vice-reitora

Com o apoio de ex-reitores da Uerj: Ivo Barbieri, Hésio Cordeiro, Antonio Celso Alves Pereira, Nilcea Freire, Nival Nunes de Almeida, Ricardo Vieiralves de Castro

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