São Paulo - Quando veio à tona o caso da menina pernambucana de 9 anos, que foi abusada sexualmente pelo padrasto desde os 6 anos, a mãe da criança disse que só soube que o crime era cometido quando a garota engravidou de gêmeos e teve de ser submetida a um aborto porque corria risco de morte. Em outro caso horripilante, o do austríaco Josef Fritzl, de 73 anos, que manteve a filha Elisabeth por 24 anos em cativeiro e, nesse período, a violentou várias vezes e teve com ela sete filhos, a mulher dele também disse que não sabia.
É possível nesses casos de abusos insistentes por anos, que as mães não saibam? Para o promotor Tomás Busnardo Ramadan, coordenador adjunto do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público de São Paulo (MPSP), não. "Acho difícil que a mãe não saiba, especialmente quando se trata de criança. Talvez, por falta de educação, cultura, consciência, ela releve porque quem traz o sustento para a casa é o marido e, na hora de pesar na balança, pode ser que ficar sem o provedor seja pior do que o resto", observa.
Na quinta-feira passada, a mãe da menina de 9 anos foi indiciada pela Polícia Civil sob acusação de negligência. Entretanto, a notificação oficial do indiciamento deve acontecer somente hoje. Segundo o delegado Antônio Luiz Dutra, responsável pelas investigações, houve omissão por parte da mulher, que poderia ter evitado a continuidade do crime e a consequente gravidez da filha.
"Ela faltou na responsabilidade de proteger as filhas." Nos processos de pedofilia, o promotor diz que são poucas as mães julgadas culpadas de coautoria no crime porque, geralmente, afirmam que não sabiam. Se ficar comprovado, porém, que eram conscientes, devem ser responsabilizadas criminalmente, normalmente por atentado violento ao pudor, além de perder a guarda do filho.
Mas a psicóloga Daniela Pedroso, do Serviço de Violência Sexual do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, que há 12 anos trabalha com crianças vítimas de violência sexual, diz acreditar que, sim, é possível a mãe não saber. "É difícil saber porque o ato, geralmente, acontece quando a mãe sai para trabalhar ou não está em casa. A ameaça do agressor é tão grande que a criança, de tão amedrontada, consegue esconder." Por isso Daniela salienta que o importante é a mãe acreditar no que o filho diz quando ele dá sinais de que algo está errado.
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