Os gastos com ciência e tecnologia cresceram 82% no Paraná nos últimos cinco anos, reflexo do aumento da arrecadação do governo estadual. O investimento passou de R$ 164,2 milhões, em 2008, para R$ 299 milhões no ano passado. Na prática, isso representa mais pesquisas e melhorias na infraestrutura das universidades e instituições paranaenses. Atualmente, cerca de 4 mil projetos estão em andamento no estado.
O montante é oriundo do Fundo Paraná, que recebe 2% da receita tributária. Esse recurso é transferido da seguinte forma: 1% é aplicado em projetos de pesquisa do próprio sistema, do Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar) e da Fundação Araucária. A outra metade é repassada diretamente para Tecpar, Iapar e universidades estaduais de Londrina (UEL), Maringá (UEM) e Ponta Grossa (UEPG).
"Todo esse repasse é revertido em pesquisa. O dinheiro enviado para as universidades pode ser direcionado para reformas do espaço físico. No entanto, é fundamental ter estrutura para realizar as pesquisas", afirma o coordenador da Unidade Gestora do Fundo Paraná, Luiz Cezar Kawano.
Distribuição
Do total de recursos que fica para o Fundo, 50% são destinados a projetos da Unidade Gestora do Fundo Paraná, 30% para a Fundação Araucária e 20% para o Tecpar. Universidades públicas, privadas e institutos de pesquisa podem apresentar projetos para que seus trabalhos sejam financiados. O valor aplicado diretamente no Fundo aumentou 83% nos últimos cinco anos chegou a R$ 157,5 milhões em 2012 contra R$ 86 milhões de 2008.
"Isso se deve ao aumento da arrecadação tributária do estado, que vai possibilitar mais pesquisa e investimento em ciência", aponta Kawano. Só no ano passado, a arrecadação de impostos pelo governo do Paraná cresceu 10,9%. O estado recolheu R$ 27,83 bilhões em 2012 ante R$ 25,09 bilhões em 2011.
Segundo Kawano, a queda de investimentos em 2011, período em que menos de 2% arrecadado com a receita tributária foi aplicado (veja infográfico acima), deve-se a revisões de projetos. "Como era o primeiro ano de governo foi realizada uma revisão dos investimentos e do direcionamento dos recursos", justifica.
Segundo o pró-reitor de pesquisa da UEPG, Benjamim de Melo Carvalho, é fundamental investir em ciência e tecnologia para o desenvolvimento socioeconômico do Paraná. "Para ter empresas competitivas, é preciso conhecimento. Nesse aspecto, as universidades são fundamentais", diz. Ele ressalta ainda que o país não pode ficar importando pacotes tecnológicos. "Não há necessidade de comprar pacotes de tecnologia do exterior que já estão defasados. O conhecimento pode e deve ser produzido no Brasil e para isso o investimento é fundamental", afirma.
Pesquisador aponta isolamento entre empresas e universidades
Apesar do aumento no investimento na área, um desafio ainda é tornar as pesquisas realizadas nas universidades acessíveis à sociedade. Para o pró-reitor de pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Waldemiro Gremski, que integra o Conselho do Fundo Paraná, há uma cultura de isolamento entre o setor empresarial e as universidades. "Isso faz com que 90% das pesquisas terminem logo que são publicadas. Não se transformam em produto ou benefício para a comunidade", diz.
Segundo ele, é papel do poder público tentar unir empresas e universidades. "Investir em tecnologia representa lucro e desenvolvimento no futuro. Enquanto isso não for levado a sério ainda seremos exportadores de matéria-prima, quando poderíamos exportar mais produtos finalizados, gerando tecnologia e emprego", salienta.
Lei de inovação
Gremski diz ainda que a Lei de Inovação paranaense, que entrou em vigor em fevereiro, contribui para realização de pesquisas com o setor empresarial, mas é insuficiente para garantir que a tecnologia produzida nas universidades chegue à população. A lei possibilita que professores concursados se licenciem para desenvolver projetos na iniciativa privada e também permite que empresas e universidades públicas trabalhem em conjunto no desenvolvimento de patentes e projetos.
"A lei abre um caminho, mas o governo precisa criar estímulos, como financiamentos, para que a empresa utilize de fato a pesquisa universitária na prática."
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