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Curitiba tem uma estrutura privilegiada no Paraná para tratar a questão do abuso sexual. A prefeitura e entidades da área da infância criaram a Rede de Pro­teção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, que tem a participação de profissionais da saúde e educação, conselhos tutelares e outras instituições ligadas ao assunto. Quando um professor, por exemplo, suspeita de uma situação de violação, tem de obrigatoriamente fazer uma notificação e acionar os profissionais da rede. Os integrantes não esperam uma confirmação policial e iniciam o atendimento imediatamente, porque a investigação pode demorar e a criança não costuma "inventar" esse tipo de situação sem ter passado por algum tipo de violação.

Coordenadora da rede de proteção, Hedi Muraro diz que em 2010 a rede recebeu 5.112 no­­tificações e 624 estavam relacionadas diretamente à violência sexual, o que corresponde a quase duas situações por dia somente em Curitiba. A maior parte, 65%, estava relacionada à negligência, o que segundo Hedi pode contribuir para o início dos abusos.

O Hospital Pequeno Príncipe centraliza o atendimento de crianças até 12 anos e os adolescentes vão para o Hospital de Clínicas ou o Evangélico. Se a situação tiver ocorrido em até 72 horas, o perito do Instituto Médico Legal vai até o hospital para fazer o laudo. A vítima recebe tratamento médico para evitar a gravidez e contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e recebe acompanhamento psicológico.

Médica e coordenadora Pro­grama Proteger do Pequeno Prín­cipe, Maria Cristina da Silveira diz que o hospital tem profissionais e locais especializados para o atendimento. Nas salas dos psicólogos, por exemplo, todo o trabalho é feito com o auxílio de brinquedos em um ambiente lúdico. "Os profissionais são especializados no atendimento a criança e a família e ajudam a evitar mais sofrimento", diz.

A capital conta ainda com um Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) e com uma vara da Justiça que atua exclusivamente no combate a crimes contra a infância e juventude. No restante do estado há apenas um Nucria, em Foz do Iguaçu, e nenhuma vara especializada nesse tema.

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