Depois de um dia de paralisação parcial dos ônibus em Curitiba e região nesta terça-feira (12), usuários que conseguiram chegar ao Centro decidiram voltar a pé para casa no fim do dia. A caminhada foi o reflexo da falta de inúmeras linhas que passam pela Praça Rui Barbosa, em Curitiba. Entre 18h e 19h, a reportagem da Gazeta do Povo esteve no local e constatou que apenas as linhas Fazendinha, Caiuá e Pinhais/Rui Barbosa, – ambas da empresa Expresso Azul, que pagou os salários –, circulavam na região. A greve continua na quarta.
Passageiros no ponto do ônibus Lindoia estavam a mais de uma hora esperando que algum veículo passasse, mas parecia algo impossível de acontecer. Michele Rodrigues só chegou ao Centro porque pegou carona com amigos e ainda não sabia como voltaria para casa. “Estou aqui há uma hora e vou ficar mais meia hora, se não vier nenhum ônibus, então, vou ver o que faço. Vou tentar voltar de carona, já que ou é isso ou tenho que voltar a pé”, destaca Rodrigues.
Já os usuários que esperavam os ônibus Vila Rex e Vila Cubas formaram uma espécie de coro para dizer que voltariam a pé ao serem questionados como retornariam para a casa. “Vou tentar uma carona, mas não sei direito quem vai poder me buscar aqui. Se não conseguir, vou voltar a pé mesmo. Temos que chegar em casa, né?”, explica o aposentado Carlos Ribas. Outros curitibanos ouvidos pela reportagem também cogitavam retornar a pé, pois não teriam dinheiro para pagar um táxi.
Tanto no ponto do Vila Rex quanto no ponto do Lindoia, ninguém conseguiu chegar ao Centro usando os ônibus da linha pela manhã. Os usuários recorreram às caronas de amigos e familiares.
No tubo do biarticulado Pinheirinho, a esperança dos usuários era que durante a tarde já tivessem vans ou carros cadastrados pela Urbs levando os passageiros, mas não foi a situação que encontraram. As passageiras Clevenice Rocha e Sirlei Nogueira esperavam alguma solução sentadas na entrada do tubo na Praça Rui Barbosa. “A gente conseguiu carona para vir, mas para voltar achamos que teria alguma van, como aconteceu das outras vezes. Vamos ter que esperar alguém que possa vir buscar a gente, mas eles só saem do trabalho mais tarde”, contaram as passageiras.
A Urbs explicou que ainda não abriu cadastramento de uma eventual frota alternativa porque, por lei, as empresas são obrigadas a manter uma frota mínima de ônibus nas ruas. Com a frota mínima, por questões de segurança, não seria possível autorizar a circulação de uma frota alternativa. Se não houver acordo, a Urbs deve abrir, ainda nesta terça-feira, cadastramento. Desta forma, vans, carros, ônibus de turismo e veículos da prefeitura que fossem cadastrados poderiam, temporariamente, fazer o transporte de passageiros
A reportagem observou gritos de pessoas oferecendo transporte até o Pinheirinho, mas não conseguiu conversar com quem oferecia o serviço. É importante lembrar que esse tipo de ação, sem o cadastramento da Urbs, é ilegal e, por vezes, perigosa, já que não ocorre nenhum tipo de identificação do condutor, vistoria do veículo ou fiscalização da atividade.
“Vermelhão amarelo”
A única linha expressa que estava circulando durante toda a terça-feira era o Pinhais/Rui Barbosa, mas, com ônibus articulados amarelos e não os tradicionais biarticulados vermelhos. O tubo até tinha cobrador, Everaldo Weber, mas que no lugar de receber o valor das passagens apenas informava repetidamente que o “o Pinhais é aquele amarelo ali do lado”. O cobrador ainda destacou que durante toda a tarde de terça-feira nenhum vermelhão circulou pelo local. Ainda segundo o cobrador da estação, os horários estavam um pouco fora do normal: de 7 minutos em média nos dias de semana, o intervalo entre os ônibus estava girando em torno de 10 minutos durante a paralisação.
Greve deixa a praça com cara de sábado
O clima na Rui Barbosa era parecido com o que se observa em um sábado, poucas filas e um movimento bem abaixo do que se encontra em dias úteis. A diferença, porém, estava na variedade ônibus circulando pelo local, já que no sábado, as linhas circulam normalmente. No primeiro dia de paralisação, entre 18h e 19h, a Gazeta do Povo observou apenas a linha Fazendinha, Caiuá e Pinhais (amarelos e não vermelhos) circulando pelo local.
Pouco movimento “quebra” comercio nesta terça-feira
Os reflexos da paralisação também puderam ser observados nos caixas dos comerciantes que trabalham no Centro de Curitiba. A reportagem esteve no fim do dia em comércios da Praça Rui Barbosa e conversou com os trabalhadores que estimaram uma queda de mais de 60% no movimento normal.
A vendedora de pipoca Nayara da Boa Morte, por exemplo, diz que fatura mais de R$ 150 em dias normais, mas que nesta terça-feira não somou R$ 35 no caixa. A baixa também foi sentida por Rayllan Ferreira, de uma das bancas de revista na praça, que estima um movimento bem abaixo dos 50% de sem greve.
Colaborou: Getulio Xavier.
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