Um "algemaço" foi realizado ontem por policiais federais em São Paulo. Agentes, escrivães e papiloscopistas penduraram as algemas em um painel, em alusão ao jargão "pendurar as chuteiras", representando a desmotivação dos profissionais. A iniciativa é a primeira atividade após ter sido decretado o estado de greve da categoria, na quarta-feira. No dia 11, haverá uma paralisação de 24 horas das atividades.

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O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Fede­­ral em São Paulo (Sindpolf), Alexandre Santana Sally, avalia que o ambiente interno da PF é formado por profissionais desmotivados. "A gestão do órgão é ruim. Não se prioriza a meritocracia [promoção baseada no mérito]", lamentou.

Na paralisação nacional da próxima terça-feira, segundo o presidente do sindicato, estima-se que 50% do efetivo deva continuar trabalhando para, além de garantir o patamar mínimo de 30%, não interferir nos serviços à população. A mobilização, no entanto, deve se intensificar ao longo do ano. "Serviços emergenciais não vão ser interrompidos", declarou. Entre eles, estão as investigações complexas, a escolta de presos e o serviço de imigração. O serviço de passaportes, contudo, deve sofrer atrasos.

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Procurada, a assessoria da Superintendência da PF em Brasília disse que não vai se pronunciar.

No Brasil

Com faixas em protesto contra o sucateamento da Polícia Federal, agentes, escrivães e papiloscopistas se manifestaram ontem também em outras capitais, como Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador. O movimento reivindica a equiparação das carreiras às de oficial da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e auditor da Receita Federal, o que elevaria os salários em cerca de 100%. Um agente da PF ganha, em início de carreira, R$ 7,5 mil brutos. A ideia é que passe a receber R$ 15 mil.

O ato pede uma reestruturação da PF. "Nós éramos considerados uma carreira exemplar, hoje somos uma carreira trampolim. A pessoa entra querendo passar para um concurso para outros órgãos" disse Alexandre Sally. Também estão previstas paralisações nos dias 25 e 26 de fevereiro. A categoria aprovou ainda um calendário de manifestações até o fim do ano e está em estado de greve. Segundo Sally, a última rodada de negociações com o governo aconteceu no final de 2013.