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O movimento dos estudantes secundaristas da rede pública de Goiás contrários ao projeto de terceirização das escolas, antes restrito a Goiânia, chegou a outras duas cidades nesta segunda-feira (14). No final da manhã, o Colégio Estadual Professor José Lobo, na capital, foi tomado pelos alunos. No começo do dia, o colégio estadual Cecília Meirelles, em Aparecida de Goiânia, e o colégio Polivalente Frei João Batista, em Anápolis, foram ocupados. Desde o início do movimento, há seis dias, oito escolas foram tomadas pelos alunos, seis delas em Goiânia.

As ocupações são um protesto contra o plano do governador Marconi Perillo (PSDB) de transferir a gestão de escolas para Organizações Sociais (OS). Assim como em São Paulo, onde os estudantes ocuparam escolas contra o fechamento de algumas unidades pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), os alunos têm promovido atividades culturais e a limpeza das unidades. As aulas foram suspensas nas escolas ocupadas.

A secretária de Educação de Goiás, Raquel Teixeira, minimizou os impactos do movimento no encerramento do ano letivo, que está na fase de aulas e provas de recuperação. “Estamos oferecendo aos alunos que querem participar das aulas de reforço e das provas finais um espaço alternativo, perto geograficamente. Para os alunos do Lyceu, tivemos aulas regulares no Colégio Claretiano. Para os alunos do Robinho, tivemos aulas normais no Joaquim Alves, que é uma escola lá perto”, exemplifica.

Apesar do aumento de ocupações, a secretária diz que o cronograma de trabalho não foi alterado e que o chamamento das OS pode ocorrer ainda esta semana.

Para a secretária, o Colégio Estadual José Carlos de Almeida - o primeiro ocupado pelos secundaristas, na semana passada, um dos símbolos do movimento -, não entra no saldo de escolas ocupadas. “Há um ano ela já não é mais escola, estava vazia. Não teve nenhum aluno ao longo de 2015”, diz.

Diálogo

Para Teixeira, as ocupações são fruto “dessa ebulição toda que existe no mundo, no país”, mas credita o movimento a uma “confusão ideológica” em relação ao papel das OS. “Há uma confusão em relação ao que vai acontecer com a própria carreira do professores, com o papel do professor. Isso é equivocado. Nós formatamos um modelo em Goiás de acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), com eleição de diretor, autonomia do conselho escolar. Estamos tratando tudo isso com muito respeito à legislação brasileira”, afirmou.

Teixeira nega falta de diálogo com a comunidade escolar e diz ter feito reuniões com diretores e usado o Facebook para fomentar o debate em torno das OS.

O governador Marconi Perillo (PSDB) disse, em entrevista à imprensa, que não irá politizar a discussão sobre a ocupação das escolas estaduais. “A preocupação que eu tenho é com a melhoria da qualidade da educação, com os alunos e com os pais. E essa também é a preocupação dos estudantes que estão ocupando as escolas”, disse.

O tucano afirmou ainda que os manifestantes e o governo de Goiás buscam a melhoria da qualidade do ensino e que esse objetivo comum terá de ser garantido, em contrato, pelas Organizações Sociais que se habilitarem.

No perfil Secundaristas em Luta-GO, no Facebook, os alunos relataram ameaças da Polícia Militar e da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) ao longo da manhã.

Policiais tentaram impedir a entrada de alunos e de um advogado no Colégio Pré-Universitário, conforme mostram imagens postadas na página dos secundaristas. De acordo com o grupo, logo depois da ocupação PMs estavam tentando mandar pais e estudantes embora.

No Colégio Cecília Meirelles, o estudantes relataram ameaças de expulsão e de reprovação, por parte da direção da escola. “A direção da escola acabou de falar que os alunos que ocuparem não poderão fazer a prova de recuperação e serão expulsos. Ninguém pode ser reprovado ou expulso por se manifestar!”, diz uma postagem do grupo.

A estudante Bianca (nome fictício), 18, que cursa o 3º ano do Ensino Médio, diz que até as 15h30 pelo menos dois carros de polícia estavam no local. Segundo ela, os policiais estariam impedindo a entrada dos apoiadores do movimento e revistando os alimentos que são levados ao local.

No colégio Robinho, ocupado na última semana, a diretora da unidade estaria ameaçando reprovar os alunos que estão na ocupação, de acordo com informações da página. Na madrugada de domingo (13), alunos que invadiram o Instituto de Educação de Goiás denunciaram que vários veículos da PM e de seus batalhões especializados cercaram a escola e que os policiais ameaçaram despejar os estudantes.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar de Goiás informou que a corporação “esteve nos locais e vai estar quando necessário para garantir a integridade física dos alunos, dos servidores e do patrimônio público”.

Os alunos que invadiram as escolas divulgam ações como a limpeza da piscina com água parada, no IEG, ocupado no sábado (12), e pedem ajuda à população - até alimentos veganos entram na lista de pedidos.

Os estudantes planejam passar o Natal e o Ano Novo nas escolas. “Vamos ficar até o governador e a secretária voltarem atrás”, diz Bianca, do Colégio Cecília Meirelles. “Acho difícil, mas qualquer coisa pode acontecer”, diz a secretária Raquel Teixeira.

Uma manifestação foi marcada em Goiânia para esta quarta-feira (16), contra as OS.

Escolas ocupadas

Goiânia

Escola Estadual Professor José Carlos de Almeida

Colégio Estadual Lyceu de Goiânia

Escola Estadual Robinho Martins de Azevedo

Colégio Pré-Universitário

Colégio Estadual Professor José Lobo

Instituto de Educação de Goiás

Aparecida de Goiânia

Escola Estadual Cecília Meirelles

Anápolis

Colégio Polivalente Frei João Batista

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