Em meio à epidemia de dengue, chikungunya e zika, os cerca de 900 enfermeiros do Recife –capital do estado epicentro do surto de microcefalia– decretaram greve, nesMta sexta-feira (4). A paralisação terá início na próxima terça-feira (8) e deve afetar os serviços nas policlínicas, postos de saúde, hospitais e maternidades, além do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Os enfermeiros são responsáveis pela triagem, administração de medicamentos e acompanhamento dos pacientes nas unidades municipais de saúde. Sem os profissionais, o tempo de espera, sobretudo nas emergências, que já chega a dez horas em alguns hospitais, pode aumentar ainda mais.
“Queremos o apoio da população porque, no caos que está, qual a assistência que podemos dar a esses pacientes? É importante que fique claro que estamos vivendo esse momento delicado de epidemias por causa da falta de investimento público em saneamento básico”, afirmou Berenice Garces, presidente do Seepe (Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Pernambuco).
Segundo Garces, os enfermeiros manterão 30% do efetivo nos serviços de urgência e emergência. Em estado de greve desde o dia 17 de fevereiro, a categoria reivindica, além de um reajuste salarial de 13,19% e aumento de 18,53% no vale-alimentação, melhores condições de trabalho, aumento do efetivo na rede e a implantação de um novo plano de cargos e carreiras.
Na quarta-feira (2), a Prefeitura do Recife propôs a todos os servidores, incluindo os enfermeiros, que têm vencimento base abaixo de R$ 1.700, um aumento de 7,5% condicionado à Receita Líquida Real (todo recurso arrecadado pela prefeitura, exceto por meio de operações de crédito). Para os demais profissionais, o reajuste seria de 10,67%. Ambos seriam retroativos a janeiro.
De acordo com a assessoria da Secretaria de Administração e Gestão de Pessoas do Recife, a pasta ainda não foi comunicada oficialmente da decisão dos enfermeiros.