Em meio a uma epidemia de dengue, Paranaguá agora tem outra preocupação: o zika vírus. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) na última terça-feira (16), a cidade registrou dois casos autóctones da doença e a prefeitura da cidade informou que outros três casos aguardam resultado de testes. O material está sendo analisado no Laboratório Central do Estado (Lacen). Em todo o Paraná, já são 48 casos de zika, 9 deles com transmissão local e 15 importados. A origem de outros 24 casos seguem em investigação.
Confira a cobertura completa sobre o Aedes aegypti e as doenças ocasionadas pelo mosquito
O Centro de Referência no Combate à Dengue, em Paranaguá, – criado para dar agilidade ao atendimento da população com sintomas da dengue – permanece lotado. A Prefeitura de Paranaguá foi procurada, mas não divulgou a média diária de atendimentos realizados no local.
Em janeiro, eram cerca de 1,2 mil pessoas ao dia. A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso à listagem de pacientes atendidos entre as 7 e 16 horas terça-feira (16), quando quase 300 pessoas passaram pelo centro de referência com sintomas da doença.
Os pacientes contaram que a espera pelo atendimento estava levando cerca de 30 minutos, mas que a situação era bem diferente nos dias anteriores. “Eu vim na sexta-feira (12), cansei de esperar e acabei voltando para casa. No sábado, eu cheguei às 11h e saí depois das 15h”, conta Maria Irene Alexandre Pereira, que fez o exame e comprovou que está com a doença.
Moradora do Jardim Samambaia, além dela, o filho também foi vítima do mosquito Aedes aegypti. “Nós temos o quintal limpo, tomamos todos os cuidados, mas tem uma panificadora abandonada lá perto que pode ter focos do mosquito”, lamenta.
Desde semana passada, 40 soldados do Exército estão nas ruas da cidade fiscalizando as residências. Nesta quarta-feira (17), o grupo ia receber mais 35 soldados para intensificar as ações.
A prefeitura não informou o perfil nem a região onde moram os dois pacientes com diagnóstico de zika. O vírus é transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o Aedes aegypti. No ano passado, Paranaguá se declarou infestada pelo mosquito, que também transmite a febre chikungunya.
Inicialmente considerado uma forma branda de dengue, o zika gerou alerta mundial após o surto de microcefalia no Brasil possivelmente relacionado à doença. A infecção também estaria relacionada à Síndrome de Guillain-Barré, que ataca o sistema nervoso central.
Em nota, a prefeitura de Paranaguá afirmou que “haverá uma intensificação conjunta (governos municipal e estadual) para determinar se há registros de infecção em gestantes, bem como procedência desses possíveis pacientes e monitoramento dos casos por equipes de saúde”. A medida segue protocolo do Ministério da Saúde, que ampliou o monitoramento dos casos de zika em gestantes depois que se notou o surto de microcefalia.
Números da dengue apresentam descompasso em Paranaguá
O boletim divulgado pela Sesa e os dados obtidos em um laboratório particular mostram que ainda há descompasso nas notificações de dengue em Paranaguá. A cidade tem o maior número de casos da doença no Paraná, com 1.224 resultados positivos desde agosto de 2015, segundo a secretaria. O laboratório Clinilab diz ter diagnosticado 1.200 casos de dengue só nos últimos 30 dias. “Estamos fazendo entre 140 e 200 testes por dia”, conta Luiz Carlos Barchik, responsável pelo laboratório.
A Prefeitura de Paranaguá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), informou que a cidade tem 1.297 casos de dengue confirmados - o número é pouco superior ao divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde que confirmou 1.224.
De acordo com o município, uma média de 350 pessoas por dia são atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e a espera é de aproximadamente duas horas.
Par auxiliar no combate à dengue, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Semur), faz a fiscalização dos imóveis fechados. A pasta tenta localizar o dono do imóvel e determina que ele faça a limpeza e manutenção do local.
Paranaguá tem quatro laboratórios particulares que realizam o exame da dengue, dois deles, Pasteur e Madre Tereza de Calcutá, não quiseram divulgar o número de exames já realizados, mas informaram que a procura permanece alta. Já o laboratório Frischmann Aisergart disse que realizou 260 exames em Paranaguá, destes, 74 deram positivo, mas o registro dos casos é feito pela central do laboratório, que fica em Curitiba.
No mês passado, a Sesa admitiu que o método de notificação faz com que os casos sejam registrados pelo estado depois de uma semana ou mais. O órgão também disse que as prefeituras devem fazer a atualização diária de casos notificados para evitar o risco de subnotificação, mas que por causa da epidemia isso pode se tornar inviável.
Prefeitura realiza 350 hemogramas por dia
Além dos laboratórios particulares, o município oferece os exames para diagnóstico de dengue. O resultado dos testes, de acordo com a gravidade dos sintomas apresentados pelos pacientes, podem demorar entre 24 horas e 30 dias para ficarem prontos. O site da prefeitura mostra que 350 hemogramas estão sendo realizados todos os dias “visando apurar quadro clínico específico de cada paciente, apurando, por exemplo, o número de plaquetas”, cita o texto. Os hemogramas são feitos depois da confirmação da doença para avaliar se há risco de piora no quadro clínico dos pacientes.
Colaborou: Caroline Olinda.
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