| Foto: Rodrigo Gavini/A Tribuna

A Polícia Civil do Espírito Santo decidiu paralisar suas atividades até a meia-noite desta quarta-feira (8). A partir desta quinta-feira (9), os policiais atenderão apenas nas 18 delegacias regionais e especializadas do estado – são quatro na Grande Vitória – por tempo indeterminado. O Departamento Médico Legal (DML) permanecerá em funcionamento.

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A paralisação foi decidida no pátio da sede da polícia. Enquanto cerca de 300 policiais de nove entidades que representam a categoria deliberavam pela greve, o comando da Polícia Civil publicava nota desmentindo a suspensão dos serviços. Mas o protesto está mantido.

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Mais cedo, uma das associações que representa os policiais chegou a deliberar em outra assembleia que iniciaria uma greve e que colocaria apenas 30% dos agentes em serviço. Depois, um ato que reuniu as diversas entidades unificou o protesto.

Com a decisão, a partir desta quinta todas as delegacias locais deverão permanecer fechadas. “Não é greve. Continuaremos trabalhando, mas por segurança nossa fecharemos todas as unidades que estão trabalhando com efetivo abaixo do exigido por lei”, afirmou o delegado Rodolfo Laterza, que preside a associação de delegados.

A partir desta quinta-feira, apenas os flagrantes serão atendidos pela polícia. “A população vai precisar ter um pouco de paciência”, comentou Laterza. “É preciso entender. Estamos entre os piores salários do País, as delegacias estão trabalhando com menos efetivo do que o exigido por lei. Não temos segurança para trabalhar.”

O protesto é motivado pela morte do policial civil Mário Marcelo de Albuquerque, de 44 anos, ocorrido nesta terça-feira (7). Ele foi baleado quando tentava intervir em um assalto. Além disso, a delegacia de Jacareípe, no município de Serra, foi metralhada na terça-feira.

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Uma eventual paralisação geral será decidida em assembleia marcada para o dia 17. “Se até lá o governo não abrir um canal de negociação

Reforço de 650 homens de forças federais no ES

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse à reportagem que já foi autorizada a ida de mais 550 homens das Forças Armadas para o Espírito Santo, atendendo ao pedido do governador em exercício, César Colnago. Ele disse também que outros cem homens da Força Nacional estão sendo enviados para lá, a fim de prestar segurança, só que no interior do Espírito Santo. Assim, o número de militares reforçando a segurança no estado sobe para 1850.

Há cinco dias, o caos se instalou no Espírito Santo, após o início do motim de policiais militares, que estão aquartelados e sem fazer o patrulhamento nas ruas desde então. Para Jungmann, “o policial que, mesmo com justa reivindicação, permite que cidadãos inocentes sejam assassinados, quer saiba, quer não, se alia aos criminosos, a quem deveria combater”.

Depois de classificar a greve como “um duplo desrespeito”, o ministro Jungmann explicou: “Primeiro, desrespeito ao compromisso do policial de proteger vida e integridade das pessoas. Em segundo lugar, desrespeito ao cidadão contribuinte que, em última análise, paga os salários dos policiais”, desabafou. De acordo com o ministro, “por mais justa que seja a reivindicação, ela não pode nunca, nunca, possibilitar atentar contra a vida e a segurança, que são a razão de ser das polícias e dos policiais”.

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A preocupação do governo diante da situação no Estado aumentou, com a decisão de parte da Polícia Civil de paralisar os trabalhos até a meia-noite de hoje, em protesto contra a morte de um colega de trabalho, quando se deslocava para casa. Por causa da insegurança e da criminalidade, mais uma vez, as ruas de Vitória amanheceram vazias nesta quarta-feira, com o comércio fechado e a população assustada, sem sair de casa.

Segundo o ministro, apesar de, inicialmente, o decreto que autoriza a ida das tropas federais a permanecer no Estado ter prazo de dez dias, esse período pode ser estendido. “Se for necessário, prorrogaremos, sem problemas”, avisou.

Apesar das declarações alarmadas da população, as informações que chegaram ao governo federal apontam que já houve redução dos homicídios e de número de arrastões com a chegada dos militares às ruas. Os 650 homens autorizados nesta quarta-feira se juntarão aos mil homens do Exército, que já estão lá, e os 200 da Força Nacional.

Outros estados

Jungmann evitou falar de uma preocupação que existe no Palácio do Planalto com a possibilidade de o movimento dos PMs do Espírito Santo servir de estímulo aos policiais militares de outros Estados, provocando um efeito cascata. Segundo ele, o governo está “monitorando” a situação em todos os Estados.

Espírito Santo: lições do caos

Os sociólogos, os ideólogos, o pessoal dos direitos humanos, os teóricos da segurança pública não sairão de suas cadeiras acadêmicas para salvar ninguém.

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Em relação ao Rio de Janeiro, onde já existem advertências de PMs sinalizando que podem parar também a partir da próxima sexta-feira, por causa do atraso nos pagamentos dos salários, o ministro Jungmann advertiu que “são falsas” essas notícias que estão sendo divulgadas pelas redes sociais. “Isso é uma atitude criminosa”, afirmou ele, acrescentando que conversou com o ministro da Justiça interino, José Levi do Amaral, sobre a possibilidade de se colocar a Polícia Federal e a própria polícia estadual “no encalço desses criminosos que estão tentando disseminar estas notícias de greve no Rio para causar pânico à população”. “Isso é inadmissível”, emendou.

O ministro lembrou que o Ministério da Justiça já estava monitorando isso e está empenhado em descobrir quem são as pessoas que estão assustando a população. De acordo com Jungmann, não há previsão de envio de tropas federais ao Rio de Janeiro e ele acredita que a situação será contornada, já que o governador do Estado lhe informou que está liberando o pagamento de salários atrasados para a área de segurança.

Na manhã desta quarta-feira, a própria Polícia Militar do Rio de Janeiro informou, em nota, que são falsas as informações divulgadas por meio de redes sociais que convocam a categoria para uma paralisação na sexta-feira, a partir das 6h. A direção da PM apelou ainda para que a tropa reflita sobre medidas que possam causar danos irreparáveis à sociedade e procurem outra forma de reivindicar seus direitos, lembrando o prejuízo que uma paralisação traria à população.