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Um jornalista de Quedas do Iguaçu, região Centro-Sul do Paraná, teve sua casa alvejada por pelo menos dez disparos de arma de fogo na madrugada desta quarta-feira (11). João Muniz contou que um carro não identificado parou em frente à residência dele e pouco tempo depois foram ouvidos os disparos. Muniz tem um estabelecimento comercial na parte inferior da casa e mora na parte superior. Segundo ele, os tiros acertaram o portão e estilhaçaram as portas do estabelecimento.

O jornalista acredita que os disparos foram para intimidá-lo e relaciona o caso à tensão agrária na cidade. Além de atuar como jornalista no diário Correio do Povo do Paraná, que tem sede em Laranjeiras do Sul, ele também integra uma comissão formada por sindicatos e outras entidades de Quedas do Iguaçu que tem como foco a defesa dos empregos na empresa Araupel, que desde o ano passado teve várias ocupações em sua área promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Para Muniz, os tiros contra sua residência estão ligados ao momento de clima que se agrava na região. “É uma forma de intimidação”, disse. O jornalista contou ainda que o movimento processou o periódico pelo posicionamento crítico contra as ações dos sem-terra na região.

Na semana passada o jornalista escreveu um artigo sobre o alto índice de adolescentes grávidas nos acampamentos Dom Tomás Balduíno (Quedas do Iguaçu) e Herdeiros da Terra (Rio Bonito do Iguaçu). Sem citar fontes da estatística, o artigo informou que existem 160 gestantes nos dois acampamentos e muitas delas são adolescentes. No texto, ele afirmou que existem denúncias de que muitas menores são vítimas de estupro dentro dos acampamentos.

O artigo revoltou o MST que divulgou nota assinada pelo Coletivo de Mulheres e pela direção regional do movimento rechaçando as afirmações. “Nós, mulheres do MST, fomos vítima de mais um destes ataques violentos, que não atinge somente a nós, mas a todas e todos que lutam junto ao MST. Para nós, este episódio não é um fato isolado, mas um reflexo do atual momento político pelo qual passa o país, em que se vê crescer a cada dia o ódio contra os movimentos populares, migrantes e a população negra e pobre”, diz a nota.

Em sua edição online, o Correio do Povo do Paraná informou que o jornalista já estava sofrendo ameaças constantemente “por suas matérias e artigos publicados sobre a situação da reforma agrária em Quedas do Iguaçu”. Um dos coordenadores do MST na região ouvido pela reportagem disse apenas que o movimento não iria “alimentar” a questão porque “cheira a armação”.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção de Cascavel, criticou o atentado em uma nota. “A OAB se solidariza com toda a classe dos jornalistas e condena qualquer ato que busque cercear a livre manifestação de pensamento e a liberdade de imprensa.

O jornalista registrou boletim de ocorrência em Quedas do Iguaçu e a perícia técnica de Cascavel foi acionada para fazer o levantamento do caso.

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