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Após um dia de protestos, trabalhadores da Araupel reuniram-se nesta segunda-feira (23) com o governador Beto Richa para discutir o impasse que envolve as áreas sob disputa judicial entre a empresa e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Durante a conversa, Richa se comprometeu a reforçar o policiamento na região de Quedas do Iguaçu, município no Centro-Sul do Paraná, para que os trabalhadores da madeireira consigam ter acesso à matéria-prima necessária para o funcionamento da fábrica – as florestas estão plantadas em áreas ocupadas pelo MST.

O estado teria pedido inclusive o apoio da Força Nacional de Segurança ao Ministério da Justiça e aguarda a resposta do governo federal sobre a questão. “Estamos trabalhando para solucionar a questão de forma negociada, evitando um confronto que, de acordo com o setor de inteligência do estado, pode resultar em violência”, afirmou o chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, em entrevista à Agência Estadual de Notícias (AEN) .

De acordo com Claudir dos Santos, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Madeira e Moveleiro de Quedas do Iguaçu, cerca de 200 manifestantes vão permanecer acampados na Praça Nossa Senhora de Salete, em frente ao Palácio Iguaçu, até que o efetivo policial seja de fato enviado para Quedas do Iguaçu. Ele ainda disse que muitos moradores do município contribuíram para a vinda dos trabalhadores para Curitiba e, segundo Claudir, a Araupel também teria colaborado, embora a própria empresa negue qualquer participação.

Segundo nota divulgada pela assessoria do governo estadual, Richa afirmou que o estado vai criar as condições necessárias para que a empresa possa continuar operando e mantenha os postos de trabalho. Os manifestantes pró-Araupel argumentam que o avanço das ocupações de terra em áreas de reflorestamento pelo MST põe em risco mais de mil empregos diretos. “Nossa preocupação é proteger quem trabalha e gera empregos”, declarou o governador.

Reunião

Na próxima quinta-feira (26), o ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, estará em Curitiba para reunião com todas as partes envolvidas – MST, Araupel, Incra e governo do estado – para tentar mediar o conflito. A reunião terá início as 9 horas no auditório do Incra.

A reportagem entrou em contato com representantes do MST, mas não obteve retorno.

A Araupel informou que não irá se pronunciar por não ter relação alguma com a mobilização dos trabalhadores. De acordo com a assessoria de imprensa, a empresa não patrocinou a viagem dos manifestantes para Curitiba, mas autorizou a ausência no trabalho, facultando o ponto.

MST

Em resposta ao protesto dos trabalhadores da Araupel nessa segunda-feira (23), o MST ocupou a entrada da madeireira durante a manhã e alertou que se houver interferência nos acampamentos do movimento, a fábrica poderá ser ocupada também. Entretanto, após conversa mediada pelo Secretário Especial para Assuntos Fundiários, Hamilton Serighelli, os sem-terra liberaram o acesso à empresa. Restou uma inscrição deixada pelo grupo no portal de entrada da fábrica em que se lê “Essa terra é nossa”.

“Foi uma conversa apaziguadora porque esse imbróglio não é um problema político, mas jurídico, que não se resolve com pressão. A grande discussão agora é que a empresa quer replantar o pinus e o MST quer utilizar a terra para o plantio”, disse Serighelli.

Os sem-terra voltaram a enfatizar que desde 1996 o MST decidiu que todas as terras da Araupel seriam espaços para assentamentos e que 2015 foi eleito o ano para que todas essas áreas sejam repassadas para os trabalhadores rurais.

Em nota, a coordenação regional do MST informou que em sua avaliação a empresa foi abandonada pelos trabalhadores e, por isso, decidiu ocupar a entrada na manhã de hoje. Segundo o movimento, por enquanto eles não pretendem ocupar a sede da fábrica, mas se acontecer qualquer tentativa de despejo dos acampamentos, mais de 1,5 mil trabalhadores sem-terra estão preparados para ocupar a empresa permanentemente.

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