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Dois meses de estiagem e, em menos de 48 horas, caiu quase toda a chuva esperada para o mês de julho no norte do Paraná. Até o começo da tarde de segunda-feira (16), o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) registrou 55 milímetros de água na região diante de uma previsão de chuva entre 50 e 75 milímetros para todo o mês. "Julho é um mês de pouca chuva originalmente. O que caiu até agora é muito significativo, principalmente pelo longo período de seca", explica Tarcísio Valentin da Costa, meteorologista do Simepar em Curitiba.

Segundo ele, junho, julho e agosto são os meses mais secos, mas neste ano, o veranico - período de estiagem e calor intenso com baixa umidade em estações frias – se estendeu por praticamente todo o mês de junho. "Tivemos um bloqueio atmosférico em que as nuvens chuvosas não conseguiam avançar sobre o Paraná, mas que agora foi desfeito", diz o técnico.

As chuvas continuam nesta terça-feira em todo o Paraná até a quinta-feira, quando o céu fica apenas nublado e o frio deve aumentar com previsão de mínima de 9º e máxima de 23º em Londrina.

João Henrique Caviglione, pesquisador de agrometeorologia do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), afirma que as lavouras de milho safrinha, trigo e as pastagens podem ser beneficiadas pela chuva, dependendo da época em que foram plantadas. "Nem todas lavouras estão no mesmo estágio. Entramos em uma fase de geadas, em que as culturas devem estar terminando o ciclo. Se a seca tivesse vindo antes, a maioria não teria problema, mas muitas plantações podem ter sido prejudicadas", avalia.

O maior prejuízo deve ser dos agricultores que plantaram milho safrinha entre final de fevereiro e março e trigo entre março e maio – culturas cujas chuvas não conseguem recuperar o florescimento da planta caso já tenha passado dessa fase. "Quem plantou o milho mais cedo pode escapar um pouco das perdas, mas quem plantou em março certamente terá plantas pouco desenvolvidas em razão da falta de chuvas". Para o trigo, o cenário é semelhante: quem plantou até maio terá culturas tão sensíveis quanto à do milho.

"Mesmo tendo chovido bastante, ainda teremos 20 milímetros de chuva para recuperar. É uma boa notícia porque, mesmo com as perdas, a planta pode continuar o desenvolvimento normal, apenas dependendo de quando foi plantada", afirma. "Se não tivesse chovido, a cada dia as lavouras ficariam mais comprometidas".

No caso das pastagens, o efeito da chuva, se continuar, só deve ser sentido em agosto ou setembro, já que, além de água, o pasto necessita de temperaturas altas para crescer. "O ideal seria que os produtores trabalhassem com a suplementação alimentar porque no inverno o pasto pode ter problemas", diz o pesquisador.

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