Após a confirmação do segundo óbito causado pela epidemia de dengue em Paranaguá, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e a Secretaria Municipal da Saúde estão montando uma estrutura para realizar o atendimento dos casos suspeitos da doença. Desde o dia 5 de janeiro, a cidade enfrenta uma epidemia, de acordo com a Sesa.
Até quinta-feira, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paranaguá deve ser a referência para os pacientes que estejam com suspeita de dengue na cidade. De acordo com a Secretária da Saúde do Paranaguá, Sandra Machado Marcondes, tendas serão montadas ao lado da unidade para os casos suspeitos sejam encaminhados diretamente para atendimento médico e, então, para o tratamento com soro.
Nesta terça-feira (12), a UPA de Paranaguá estava cheia e, de acordo com os pacientes, o atendimento demorava até duas horas. A agente comunitária Beatriz Alves trouxe a filha Eduarda, de 16 anos, até a UPA após a suspeita da doença. Com medo, Beatriz resolveu pagar o exame de confirmação da doença do próprio bolso. “Foram mais de R$ 200 em exames, mas para a saúde a gente sempre consegue encontrar uma forma de pagar”, disse. A dona de casa Priscila Cardoso Costa levou o marido até a UPA quando ele começou a passar mal, na manhã de terça-feira. “Ele mal conseguia andar, tive que trazer ele de bicicleta até aqui”, conta.
Melcicléia Alves Rodrigues está com dengue e há seis dias foi atendida da UPA em Paranaguá. Hoje, mesmo doente, teve que acompanhar o filho Gabriel, de 9 anos, que passou mal na manhã de terça, com os mesmos sintomas de febre e fraqueza. De acordo com Melcicléia, a filha de 19 anos também foi diagnosticada com a doença e se recupera em casa. “Estamos todos em tratamento, tomando remédio e em observação. Não dá pra brincar com a dengue”, comenta.
O parâmetro adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para caracterizar a epidemia é quando a incidência de dengue é superior a 300 casos por 100 mil habitantes. Paranaguá lidera o número de casos no estado – desde agosto de 2015, foram registrados 561. O novo boletim divulgado hoje mostra que, em apenas uma semana, o número de casos de dengue no Paraná aumentou de 1.726 para 1.956.
Tratamento
Hoje, todos os pacientes são encaminhados a fazer um exame de sangue que confirme a doença, mas o resultado é demorado. São 15 dias para saber se o paciente está com dengue ou não. De acordo com a superintendente de Vigilância e Saúde da Sesa, Cleide Oliveira, o tratamento do paciente deve ser feito desde o momento da suspeita de contaminação, independente do resultado do exame. “A dengue é uma doença que tem tratamento e acompanhamento. Todo paciente deve ser acompanhado por até 10 dias para evitar o agravamento do caso”, explica.
Ainda de acordo com a superintendente, todas as pessoas com doenças crônicas, idosos e gestantes que tiveram qualquer um dos sintomas da doença devem ir a um hospital para iniciar o tratamento. “Nestes casos, a evolução da doença costuma ser mais rápida. A recomendação é que o paciente não fique doente em casa e procure uma unidade de atendimento”, diz.