Angélica Krzyzanovski e o professor Raphael Di Lascio trabalharam para elevar a nota de Psicologia da Universidade Positivo| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Pesquisa

Paraná passa a ter11 programas de pós com nota 6 na Capes

Embora o Brasil e suas universidades não estejam no topo de rankings internacionais, a produção científica no país tem levado algumas instituições a melhorarem o desempenho de seus programas de pós-graduação na avaliação feita pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Sem programas nota 7 – a maior na escala da Capes –, o Paraná passou a ter 11 cursos com classificação 6 em 2013 contra apenas três casos em 2010. Sete deles estão na Universidade Federal do Paraná (UFPR), dois na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e dois na de Maringá (UEM).

Projeções

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UFPR, Edilson Sergio Silveira, comemora o resultado da instituição e traça metas para a próxima avaliação, prevista para 2016. "Em 2010, tínhamos apenas um curso nota 6. Nenhum programa passa de nota 5 direto para 7. Esperamos [na próxima avaliação] ter pelo menos mais seis cursos com nota 6 e três com nota 7", afirma.

Silveira assegura que a UFPR dá as mesmas condições de trabalho a todos os programas de pós-graduação e incentiva a constituição de novas parcerias com outras instituições, visando elevar o número de titulações e aprimorar a estrutura dos cursos para dar condições de trabalho mais apropriadas aos pesquisadores.

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O ensino superior brasileiro está em processo de evolução. O rigor do governo federal diante de quesitos que interferem na qualidade da educação e o anseio das instituições em despontarem entre as melhores do país têm contribuído com esse cenário. Indicadores divulgados recentemente pelo Ministério da Educação (MEC) dão pistas sobre essa melhoria, que ganha força ano a ano.

Embora cada edição de indicadores educacionais – como o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos (IGC) – retrate um cenário específico para um ano determinado, pode-se observar o aumento gradual do bloco que agrega instituições e cursos que atendem aos critérios de qualidade estabelecidos pelo governo federal. Entre 2010 e 2012, o total de instituições nessa situação saltou de 1.143 (52,5% dos avaliados) para 1.582 (72,8%). Para conhecer melhor os indicadores, veja o quadro abaixo.

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INFOGRÁFICO: Veja o avanço do ensino superior

Na outra ponta, cursos e entidades que não conseguem obter bons resultados em avaliações consecutivas estão sujeitos a sanções do MEC. No começo deste mês, 270 graduações de todo o país – 26 delas no Paraná – tiveram o vestibular suspenso.

Para o presidente da Co­mis­são Nacional de Ava­liação da Educação Su­perior (Conaes), Robert Evan Verhine, a intervenção e o acompanhamento do ministério nesses casos são positivos. "É uma tentativa para melhorar cursos e instituições. Os indicadores servem para identificar possíveis problemas", afirma.

Paraná

Com 13 cursos nota 5 no CPC, o Paraná não tem nenhuma instituição com a mesma classificação no IGC. Em todo o país, são apenas 23 universidades e faculdades com esse índice, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Não ter uma instituição nota 5 não significa que não temos excelentes opções. Essa política tem contribuído para a qualidade do ensino. Qualquer instituição deve ir em busca da melhoria", diz o pró-reitor de Ensino, Pesquisa e Extensão da FAE Centro Universitário, André Luís Gontijo Resende.

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A FAE soma dois exemplos de evolução nos indicadores educacionais. A unidade de São José dos Pinhais avançou de nota 2 no IGC 2011 para classificação 4 no ano seguinte. Já o curso de Tecnologia em Gestão Financeira saltou de nota 3 no CPC 2009 para nota 5 em 2012. "Hoje, quase 90% de todo o nosso corpo docente é composto por mestres e doutores. Passamos por uma reforma acadêmica e pedagógica e os alunos são conscientizados desde o primeiro ano de faculdade sobre a importância do Enade", considera Resende, que é ex-coordenador da Secretaria de Ensino Superior do MEC.

Comprometer alunos com o Enade é desafio

Para garantir resultados significativos em indicadores que avaliam a qualidade do ensino superior, as instituições precisam ter os alunos como aliados. Isso porque a performance dos formandos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) representa, hoje, 55% da nota final do Conceito Preliminar de Curso (CPC), que também leva em consideração a infraestrutura, o corpo docente e o programa didático das graduações, entre outros quesitos. Por sua vez, um CPC ruim tem impacto direto sobre o Índice Geral de Cursos (IGC), que mede a qualidade das instituições a partir daquele indicador.

Embora a participação no Enade seja um componente obrigatório para a obtenção do diploma, independentemente do resultado obtido, nem todos os alunos levam o exame a sério. Diante disso, a conscientização dos estudantes torna-se um desafio para todas as instituições. "O ideal seria que o CPC fosse 50% com base no produto [o desempenho dos alunos no Enade] e 50% com base nos insumos. A solução mesmo é criar uma cultura para que o aluno compreenda que a nota do curso é importante", afirma o presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), Robert Evan Verhine.

Metas

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Foi exatamente isso que foi feito no curso de Psicologia da Universidade Positivo, que, entre 2009 e 2012, saltou de nota 3 para nota 5 no CPC. Além de algumas adequações no currículo e ajustes no corpo docente, para que aumentasse o número de mestres e doutores entre os professores, o coordenador do curso, o psicólogo Raphael Di Lascio, apostou no relacionamento com os universitários. "Fui atrás do comprometimento do aluno. Durante dois anos, preparamos os alunos para que conhecessem e tivessem confiança no processo. Nossos alunos passaram a valorizar o Enade deles", afirma o professor.