Urutau José ganhou um copo de água dos Bombeiros e permanecia na árvore até a noite de ontem| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Manifestação teve detenções e confusão

Folhapress

Durante a manifestação, 26 ocupantes foram detidos, entre eles dois índios, sob acusação de resistir à ação policial. De acordo com o delegado titular, Fábio Barucke, 24 pessoas foram ouvidas, autuadas por resistência e depois liberadas.

Por volta das 12 horas, houve confusão e correria, mas ninguém ficou ferido. Uma ativista foi retirada à força da porta do museu por policiais do Batalhão de Choque. Ela resistiu a sair do local e ficou deitada no chão, mas os PMs a levaram no colo.

Um jovem foi detido por desacato e desobediência. A imprensa foi hostilizada pelos ativistas com empurrões e gritos de "mídia fascista". Por volta das 13h15, um grupo de seis manifestantes, que tinham sido detidos mais cedo, retornaram à lateral do museu. A PM chegou a interditar a Avenida Radial Oeste por quatro horas.

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Um índio identificado como Urutau José Guajajara passou mais de 12 horas, ontem, em cima de uma árvore resistindo à desocupação do prédio do antigo Museu do Índio, nas imediações do Estádio do Ma­ra­canã, no Rio de Janeiro. Usando um cocar, ele subiu na árvore às 9h30 e, até as 22 horas de ontem, permanecia sentado num galho, a quatro metros de altura.

Por volta das 8 horas, cerca de 150 policiais militares do Batalhão de Choque entraram no prédio e retiraram 30 pessoas. Os ocupantes acusaram os PMs de terem agido com truculência durante a desocupação, inclusive com spray de pimenta. Segundo eles, até uma mulher grávida teria sido agredida. Já a polícia alegou que precisou usar a força porque alguns manifestantes se recusaram a deixar o edifício.

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Todos os detidos foram levados em um micro-ônibus da PM para a 18.ª Delegacia de Polícia (Praça da Bandeira). Durante três horas, a pista sentido Praça da Bandeira da Ave­nida Radial Oeste ficou interditada. Enquanto o imóvel era desocupado, Guajajara deu a volta no prédio e subiu na árvore. Um negociador do Bope tentou convencê-lo a descer, sem sucesso. Ainda pela manhã, o delegado Fábio Baru­cke, da 18.ª DP, esteve no local, mas também não teve sucesso. E dois bombeiros usaram uma escada para conversar com ele. Mais uma vez, ele se recusou a descer.

Ativistas que apoiavam Gua­jajara hostilizavam PMs, bombeiros e repórteres. Hou­ve vários momentos de tensão. Às 12h30, a PM cercou a árvore onde o índio estava com grades. Para não serem retirados, alguns ativistas chegaram a sentar no chão. Os PMs utilizaram a força para retirá-los. Alguns foram carregados. No total, 26 pessoas foram detidas e levadas para a 18.ª DP.

Versões

O governo do estado alegou que a desocupação visava cumprir uma ordem da Justiça Federal, de março deste ano. Já os indígenas mostraram um despacho da 7.ª Vara Federal, de setembro, em que o juiz Bruno Nery diz que o estado desistiu da demolição do prédio do museu e o devolveu à comunidade indígena.

Por sua vez, a assessoria da Justiça Federal esclareceu que, em 14 de março, determinou a imissão de posse do prédio do antigo Museu do Índio, e que o mandado foi cumprido no dia 22 daquele mês. Ainda segundo a Justiça, não foi expedido nenhum outro mandado para reintegração da posse do imóvel. Segundo o governo do estado, o prédio do antigo Museu do Índio não será derrubado, e será transformado num Centro de Referência das Culturas Indígenas.

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