Um grupo de cerca de 50 manifestantes reuniu-se na tarde desta quinta-feira (12) na Vila Barigui, na Cidade Industrial de Curitiba, para protestar contra os prejuízos sofridos pela população em decorrência das enchentes que atingiram o bairro no fim de semana. Aos gritos de "Da Copa eu abro mão, quero saúde, moradia e educação", o grupo questionava os investimentos públicos para receber a Copa do Mundo enquanto o bairro sofria com obras inacabadas ou interrompidas.
"Todo ano o governo promete acabar com as enchentes, mas são só promessas. Mexeram no Rio Barigui e só piorou. Ficamos três anos convivendo com entulhos da obra da ponte, sem calçada, aí para a Copa concluíram rapidinho, mas na primeira chuva a ponte caiu. Todo o investimento foi destruído com a chuva", explicou um morador da Vila Barigüi que não quis ser identificado.
Após percorrer algumas ruas do bairro, por volta das 16 horas os manifestantes bloquearam o cruzamento das ruas João Bettega e Desembargador Cid Campello com barricadas de pneus e bicicletas. Um grupo de protestantes incendiou a pilha de pneus que impedia o tráfego de uma das vias da João Bettega. Ivonei Pinheiro, motorista de um caminhão parado bem à frente da barricada incendiada reagiu e discutiu com os manifestantes. "Estou carregando 47 mil litros de gasolina nesse caminhão. É perigoso com o fogo tão perto", explicou. Com a intervenção da Guarda Municipal, o fogo foi apagado e Pinheiro conseguiu seguir viagem.
A principal reivindicação do grupo era por obras de desassoreamento no Rio Barigüi para que o bairro não fosse mais atingido por enchentes. Depois de uma hora e meia de protesto no cruzamento, a Ronda Tático Motorizada (Rotam) da Polícia Militar (PM) tentou convencer os manifestantes a desbloquearem o cruzamento, mas o grupo afirmou que só sairia do local quando um representante da Prefeitura de Curitiba se apresentasse para conversar com a população. "Se não vai ter Copa para a gente, não vai ter para vocês também", protestaram.
Por volta das 17h30, o subprefeito da Regional da CIC, Tom Vargas, chegou ao local para conversar com os manifestantes. Em conversa com o líder do protesto, que também preferiu não se identificar, Vargas comprometeu-se a receber 10 representantes da comunidade para uma reunião com o secretário de Obras, Sérgio Antoniasse, e com o secretário de Meio-Ambiente, Renato de Lima. "Esse evento pegou a todos de surpresa. O que falta é sentarmos com a comunidade para entender o que aconteceu e descobrir o que é preciso fazer para evitar novas enchentes", disse Vargas.