Um verão chuvoso e quente e uma nova cidade grande infestada pelo mosquito Aedes aegypti. Combinação perfeita para o número de casos de dengue explodir. É isso que tem ocorrido no Paraná nestes últimos meses. Comparado ao período do ano passado mais próximo, os casos autóctones da doença já confirmados mais que triplicam (veja mais no gráfico), de acordo com os dados disponíveis no último boletim da dengue divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde.
O número de cidades em situação epidêmica também aumentou. Entre a 31.ª semana de 2014 e a 5.ª de 2015, eram sete municípios. Da 31.ª semana de 2015 a 4.ª de 2016, já são 11 cidades. Entre elas, Paranaguá. A cidade do litoral do estado já registra 931 casos autóctones da doença– uma incidência de 617,95 doentes para cada 100 mil habitantes – e quatro mortes relacionadas à dengue.
“O mosquito vem ampliando o seu território e, quando infesta um local novo, encontra toda uma população suscetível. Então, acontece o que estamos vendo em Paranaguá”, comenta a chefe do Centro de Vigilância Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde, Ivana Lúcia Belmonte. No meio do ano passado, Paranaguá se declarou infestado pelo Aedes aegypti. Outros 298 municípios do estado estão na mesma situação. Em 2015, era 283 cidades.
Clima e lixo
O El Niño ajuda a explicar um pouco essa situação. O fenômeno, o mais intenso dos últimos 20 anos, é o responsável pelas altas temperaturas e fortes chuvas que têm marcado o verão deste ano no Paraná. Calor e água fazem a combinação perfeita para a proliferação do mosquito. Mas ele também precisa de uma base para colocar seus ovos, sair da fase de larva e atingir o estágio adulto. E aqui entra a importância da limpeza e vigilância.
Uma cidade só é considerada infestada pelo Aedes aegypti quando focos do mosquito deixam de estar apenas em pontos considerados estratégicos e passam a ser encontrados também em residências e outros locais da cidade. Como explica Ivana, esses pontos estratégicos são borracharias, depósitos de sucatas e outros espaços que recebem objetos de fora e são propícios para o acúmulo de água.
Os municípios devem mapear esses locais e vistoriar os espaços quinzenalmente para verificar se há ovos de mosquito e larvas. Também é preciso instalar armadilhas para mosquitos, aplicar larvicidas e eliminar possíveis focos. “Normalmente, os mosquitos entram por esses pontos ditos estratégicos e, se não é feito o controle, se esparrama pelo resto da cidade. O trabalho de controle é o ano inteiro e sempre”, diz Ivana.