Brasília Torres de comunicação, postes de luz, hospitais, igrejas, casas e edifícios, muitos edifícios, estão entre os perigos no caminho dos aviões que chegam e saem centenas de vezes por dia de São Paulo. A lista, publicada no Diário Oficial na última terça-feira, relaciona 210 obstáculos a pousos e decolagens, com tamanhos que ultrapassam as normas de segurança estabelecidas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Dcea). Apenas nos arredores de Congonhas, há 54 edifícios acima do gabarito permitido. A lista inclui o hotel, em fase final de construção, do empresário da noite paulistana Oscar Maroni Filho. O hotel estaria 2,65 metros acima do limite permitido.
De acordo com o diretor de segurança de vôo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Carlos Camacho, o edifício, a 500 metros de Congonhas, reduziu o espaço para pousos da pista. A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que houve um erro de digitação na Imprensa Nacional e que o prédio estaria apenas 10 centímetros acima da altura permitida, o que não impediria a liberação da edificação. Em 2000 a FAB autorizou a construção. A Imprensa Nacional informou que o valor publicado foi exatamente o informado pela própria FAB. Até ontem a Aeronáutica não havia pedido para corrigir a portaria.
A relação de obstáculos faz parte de uma portaria do Dcea que cria um plano de proteção de quatro aeroportos paulistas: além de Congonhas, Guarulhos, Campo de Marte e a Base Aérea de Santos. Embora não estabeleça prazos, o Dcea determina que os governos federal, estadual e municipal exijam o rebaixamento das construções até os limites permitidos ou façam a demolição. A portaria tem data de 5 de julho, mas só foi publicada terça-feira no Diário Oficial da União, uma semana depois da tragédia da TAM.
Há na lista pelo menos 23 casos em que os obstáculos são de propriedade pública, a maioria antenas e postes de iluminação. Na lista, há também 35 árvores ou bosques, muitos administrados pelo poder público.
Torre
Como fica evidente para qualquer um que já tenha pousado em Congonhas, o aeroporto, encravado na capital paulista, está cercado pelos maiores perigos. Próxima de lá, a torre de rádio e TV Cultura tem 81,34 metros acima do gabarito local, de acordo com a portaria do Dcea. O Edifício Paula, em Jardim Vera Cruz, possui 35,98 metros além do permitido, o que pode representar até 14 andares. Da lista do Dcea, também consta o Shopping Jabaquara, situado na chamada área de decolagem de Congonhas, com quase dez metros acima do limite permitido.
Em volta de Guarulhos, os maiores perigos são representados por duas torres de alta tensão. Em Jardim São João Batista, uma Igreja Assembléia de Deus ultrapassa 42 metros o limite. Próximo a Garulhos, também existe uma escola, um posto de gasolina e oito casas em desacordo com a lei.