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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Em apenas sete meses, Curitiba registrou 1.074 casos de caxumba, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O número é 59% superior ao registrado em todo o ano de 2015, quando a doença atingiu 675 pessoas. De acordo com a diretora do Centro de Epidemiologia da SMS, Juliane Oliveira, esse aumento no número de casos não é um sinal de alarme, porque é verificado periodicamente.

“Temos, em alguns anos, um aumento do número de casos – e isso acontece com outras doenças também, como a varicela, por exemplo. Isso acontece, porque há um acúmulo de pessoas sem a imunidade, porque não receberam a vacina ou não receberam o número de doses adequadas e a imunidade foi diminuindo ao longo dos anos”, explica.

Conforme Juliane, o que se vê esse ano em Curitiba é semelhante ao que foi registrado em 2011, no último surto de caxumba, quando foram registrados 2.441 casos da doença.

Jovens adultos

Pessoas que têm entre 20 e 29 anos de idade estão entre as mais acometidas pela doença, ao lado dos adolescentes. Segundo Juliane, como a caxumba não é uma doença de notificação obrigatória, é difícil determinar qual o motivo para a maior transmissão nesse grupo de pessoas. “Mas dá a impressão que são pessoas que muito provavelmente foram vacinadas na infância, já que, há muitos anos temos uma boa cobertura vacinal, e a imunidade diminuiu”, diz.

Contudo, conforme a infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Maria Inês Domingues Kuchiki, esta parte da população equivale àquela que está fora da cobertura vacinal. “A vacina para caxumba foi implantada em 1992 com uma única dose quando o bebê tinha entre 12 e 15 meses. Então, quem tem mais de 25 anos provavelmente não foi vacinado”, diz.

Paraná

Por não ser uma doença de notificação obrigatória, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) não possui dados sobre o número de casos no Paraná, apenas de surtos. Conforme a Sesa, o estado registrou até junho nove surtos da doença nas regiões de Curitiba (3), Francisco Beltrão (2), Cornélio Procópio (1), Nova Fátima (1), Campo Mourão (1) e Maringá (1).

Segundo Maria Inês, a segunda dose da imunização foi implantada apenas em 2006 para crianças entre 4 e 6 anos de idade. “Quem tem entre 11 e 24 anos, tem apenas uma dose. E só quem tem dez anos ou menos tem as duas doses”, explica a médica. Com isso, as pessoas mais protegidas são as crianças de até dez anos, especialmente considerando que a a imunidade adquirida pela vacina diminui com o passar do tempo.

Transmissão e prevenção

Causada pelo vírus Paramyxovirus, a caxumba é transmitida por contato direto com gotículas de saliva de pessoas infectadas. Vale lembrar que essas gotículas podem estar nas superfícies de qualquer objeto que teve contato com quem está infectado, por isso, cuidados para prevenção são similares aos para evitar a gripe. “Devemos manter os ambientes ventilados, fazer a higiene das mãos e evitar o contato com os doentes”, diz Juliane.

A medida mais eficaz de prevenção, no entanto, é a imunização com a vacina tríplice viral (que também protege contra sarampo e rubéola). A vacina faz parte do calendário básico de vacinação e, desde 2013, é aplicada em duas doses: uma aos 12 meses e outra aos 15. Apesar de ser aplicada em crianças, a recomendação para adultos é que se imunizem. “Quem nunca teve [caxumba] ou não sabe se teve ou se foi vacinado deve ir a uma unidade de saúde e se vacinar. Quem já pegou, por outro lado, está protegido para o resto da vida”, explica Maria Inês.

Sintomas

O vírus da caxumba causa uma inflação na glândula parótida, que é uma glândula salivar, causando inchaço na região do pescoço, acompanhado de dor e febre. Apesar de não ter alta letalidade, a doença pode trazer complicações.

“Entre 20 e 30% do homens [com caxumba] podem fazer inflamação da bolsa escrotal. Nas mulheres, pode fazer inflamação dos ovários, mas é menos frequente”, diz a infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças. Se o vírus chegar às meninges, ele pode ainda acarretar uma meningite.

A doença é tratada com repouso e remédios para aliviar os sintomas, já que não há um medicamento que combata o vírus.

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