O trânsito de São Paulo é um exemplo de caso em que discurso e prática não caminham juntos. Quando questionados se respeitam a prioridade dos pedestres, 76,8% dos motoristas disseram que param nos cruzamentos para esperar a travessia. O detalhe é que, momentos antes, 89,6% do total desses mesmos entrevistados se comportaram de maneira oposta e haviam cometido infrações que colocaram em risco os pedestres na faixa.
Os dados fazem parte de um estudo da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) que analisou o comportamento dos motoristas em movimentados cruzamentos do centro da capital paulista. Foram registradas 675 situações em que houve "conflito" entre os pedestres e os automóveis e qual foi a decisão tomada pelo condutor do veículo.
Mais do que dissimulação dos motoristas, os números podem indicar uma grande falha na formação dos condutores. "Como é mal ensinado, pode ser um desconhecimento total da regra. É um hábito tão antigo (não esperar a travessia de pedestres) que os motoristas não percebem mais que fizeram errado", diz o gerente de Educação no Trânsito da CET e coordenador do estudo, Luiz Carlos Néspoli.
Batida
Uma tentativa de elevar o respeito à faixa de segurança para evitar atropelamentos precisa em primeiro lugar reverter uma ideia preconcebida de muitos motoristas: que isso vai, por ironia, aumentar o número de acidentes. O estudo da CET mostra que o principal motivo alegado para não dar preferência aos pedestres (40,8% dos entrevistados) é que o carro que vem atrás está muito perto e pode haver uma batida se o da frente parar na área estabelecida.
A resposta foi dada quando motoristas foram indagados sobre possíveis desconfortos ao parar na faixa. A sensação de proximidade entre os carros mostra que, mais do que o respeito ao pedestre, o que não está sendo seguido também são distância e velocidade de segurança.
"Os motoristas precisam respeitar uma distância de segurança entre os veículos. E além disso é preciso ter consciência da necessidade de reduzir a velocidade ao se aproximar de qualquer cruzamento, porque são locais mais delicados, onde pode haver entrada de veículos, travessia de pedestres ou ciclistas", afirma Néspoli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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