Respostas comentadas do simuladinho de Matemática| Foto:

Em seu primeiro mandato como senador, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) tornou-se um dos observadores mais críticos do governo e dos escândalos de corrupção. Governador de Pernambuco por duas vezes, integrante da ala dissidente do PMDB, ele desafiou cara a cara o presidente do Senado e seu companheiro de partido, Renan Calheiros (AL), a deixar o comando da Casa até o esclarecimento das denúncias contra ele. Em entrevista, Jarbas se diz decepcionado com o Legislativo e afirma que o Congresso de hoje combina com o governo Lula. "Em termos de mediocridade são muito parecidos." Para Jarbas, as investigações contra Renan se arrastam porque nem PT nem governo querem seu desfecho.

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Como o senhor se sente exercendo seu primeiro mandato como senador em um momento em que a Casa vive uma crise?Eu me sinto frustrado. Achava que vinha para cá participar de uma legislatura que poderia ser muito rica de acontecimentos. Mas foi um semestre perdido, jogado fora, pelo ralo. Pensei que Lula fosse em seu segundo mandato colocar em prática as mudanças e reformas e aí vem com o PAC, que não passa de um amontoado de iniciativas antigas, e algumas poucas novas. Estou frustrado com a ausência de iniciativa do governo e porque aquilo que eu elegi como prioridade, a reforma política, ter ido para o espaço. Estamos às vésperas do recesso e o balanço foi profundamente lamentável. Essa coisa do presidente da Casa e também o que envolveu Joaquim Roriz.

O senhor acha que se Renan tivesse deixado o cargo o estrago político seria menor?Com toda a certeza. O Senado não teria chegado ao fundo do poço como chegou. São coisas surrealistas. De presidente batendo boca com lideranças no plenário, dizendo que tem de sujar as mãos para tirá-lo do cargo. Todos os constrangimentos poderiam ter sido evitados se Renan, ainda quando ninguém estava pedindo a sua renúncia nem sua cassação, tivesse saído do cargo.

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O senhor acha que o Congresso de hoje combina com o governo atual?Acho. Em termos de mediocridade são muito parecidos. Acho que a ingerência de Lula há uma semana foi uma coisa descabida, desnecessária. Um chefe de Estado se intrometer em assuntos de outro poder, e em um assunto delicado como esse. Ele quase ajudou a dar sobrevida a Renan. É muito negativo. Eu diria que não houve um desfecho desse caso porque o governo e o PT não querem. O governo e o PT passaram a ter responsabilidade e não se chega a um desfecho a favor ou contra. Me sinto em uma situação de muito desconforto quando vejo o Senado como instituição acusado de omissão ou de conivência. Hoje se tem o PSDB, o DEM, os dissidentes do PMDB, que são poucos, que querem apurar. Então, quem é que não quer? É o PT. Porque o PMDB é um satélite do PT. A base governista é quem tem de ser cobrada pela opinião pública e pelos formadores de opinião. Renan está nas mãos do governo e do PT.