Solução para o tráfico depende de investimento
O aumento das apreensões de drogas no Brasil também reflete o crescimento na produção de entorpecentes na América do Sul. A Polícia Federal identificou que o plantio de maconha no Paraguai e de cocaína na Bolívia e no Peru tem aumentado. Em contrapartida, a produção colombiana está em queda.
Para o delegado da PF Wagner Mesquita, esse crescimento só acontece porque falta a aplicação de políticas antidrogas nesses países. "Operações de erradicação de drogas já no plantio eram mais efetivas e aconteciam com mais frequência e o resultado era bem diferente", explica.
Como exemplo, Mesquita cita a Operação Aliança, realizada em parceria com o Paraguai. A plantação de maconha no país vizinho tem, em média, três ou quatro safras por ano. Quando era identificado o período de colheita, os países realizavam essas operações e erradicavam as plantas ainda nos pés. "As estatísticas de apreensão nas estradas aumentam porque não há mais dessas operações de erradicação. É muito mais barato que apreender em conta-gotas, quando a droga é apreendida em estradas e barracões", justifica.
Nos primeiros seis meses de 2010, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 23 toneladas de maconha que eram transportadas pelas estradas do Paraná. A quantidade é 3% maior em relação a todas as apreensões da droga feitas em 2009, quando 22,4 toneladas saíram de circulação. Se comparado ao primeiro semestre de 2009, o crescimento é de 224%. Naquele período, 7,1 toneladas de maconha foram recolhidas. O volume se explica porque, para haver compensação financeira para os traficantes, a droga tem de ser transportada em grande quantidade.
No entanto, outras drogas, consideradas mais pesadas, também registraram aumento no número de apreensões, apesar de serem transportadas em menor quantidade. No primeiro semestre deste ano, a PRF recolheu 240,6 quilos de crack, que representa um crescimento de 102% em relação ao mesmo período de 2009, quando foram apreendidos 118,9 quilos. Se comparado ao volume total da droga recolhida das estradas paranaenses em 2009, por onde passaram 289,2 quilos de crack, o número desse semestre corresponde a 83% das apreensões do ano passado inteiro.
Com a cocaína, a maior diferença é entre a quantidade transportada no primeiro semestre de 2009 e no mesmo período deste ano: houve um aumento de 150% nas apreensões. Nos primeiros seis meses de 2010 foram recolhidos 45,6 quilos de cocaína, contra 113,9 quilos apreendidos no mesmo período deste ano. Essa quantidade é equivalente a 52% de toda a cocaína recolhida em 2009, quando a PRF interceptou 218,5 quilos.
Rota
O Paraná é escolhido como rota por causa da proximidade com outros países, especialmente o Paraguai, e por ser um corredor de distribuição para o resto do país. "Trabalhamos há anos estabelecendo as principais rotas e características do tráfico na região, com isso temos resultados mais expressivos", explica o inspetor da PRF Gilson Cortiano, chefe da seção de policiamento e fiscalização no estado.
A PRF concentra parte dos trabalhos na região Oeste do estado. "A área que concentra mais apreensões é a faixa que vai desde o município de Dionísio Cerqueira até a região de Guaíra, principalmente entre Foz do Iguaçu e Guaíra, por causa do Lago de Itaipu", explica.
Para o delegado da Polícia Federal Wagner Mesquita, é natural que ao longo do tempo a polícia identifique com mais facilidade as rotas usadas para o tráfico. "Mas as rotas são dinâmicas, não é uma questão fixa. Elas podem mudar o tempo todo", diz.
Assim que a droga chega ao Paraná, é distribuída para todo país. Uma parte fica no estado e o restante vai para Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. "O principal destino é o sudeste, mas quem passa essas informações são os próprios traficantes", ponde Cortiano.
Transporte
Os meios usados para transportar drogas pelos traficantes também variam. Caminhões, veículos de passeio, ônibus e transporte aéreo são escolhidos de acordo com a quantidade que se pretende levar. Segundo Cortiano, drogas mais pesadas, levadas em menor quantidade, podem ser transportadas em fundos falsos de caminhões. Já a maconha é levada em maior volume inclusive em carros de passeio.
Mesquita destaca que a principal diferença é entre transporte pessoal e o logístico. Quando uma pessoa é usada de mula, aquela que transporta pequena quantidade de entorpecente, tem um padrão típico e normalmente são identificadas pelo tipo de bagagem que levam e pelas roupas que vestem, que muitas vezes não são adequadas para o local de destino. Para o transporte em ônibus, adolescentes são usados com mais frequência.
Já o transporte logístico exige mais criatividade das quadrilhas. Enquanto a PRF tem apreendido muitos carregamentos de drogas escondidos entre sacas de feijão, milho e até queijo, a PF já encontrou drogas camufladas com mais sofisticação. "Uma quadrilha internacional transportava cocaína dentro de compressores de ar condicionado. A droga ficava completamente isolada e nem dava para sentir o cheiro", conta Mesquita.
Segundo Cortiano, em geral, as pessoas que transportam a droga têm entre 20 e 40 anos. São homens e mulheres vindos de diversos estados que alegam que estão envolvidos com o tráfico porque não tem emprego.
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