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Copa em Curitiba

Em vez do metrô, os planos é que serão enterrados

De um lado, a prefeitura insiste em dizer que o metrô curitibano sai até a Copa de 2014. De outro lado, a realidade bate à porta. A menos de quatro anos para a Copa das Confederações, em 2013, quando tudo deve estar pronto, a cidade ainda não tem nem pistas de onde sairá o dinheiro para financiar o projeto de quase R$ 2 bilhões, já que as conversações com o governo federal ainda não deram mostras de evolução concreta. No 17.º Congresso Brasileiro de Transporte e Trân­sito, realizado em Curitiba, a As­­sociação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) foi taxativa: se a obra não está pronta, ou no mínimo com recursos e licenciamentos garantidos, é melhor esquecer.

"Obras que não estejam prontas ou que não tenham licença ambiental encaminhadas são inviáveis para 2013, Copa das Confe­de­rações, quando tem de estar tudo pronto. Temos de usar planos já realizados e gerenciar melhor a infraestrutura que já temos", disse a coordenadora técnica da ANTP, Valeska Peres Pinto, durante o debate sobre Mobi­lidade Urbana para a Copa do Mundo de 2014, realizado terça-feira passada. "O cenário ideal é diferente do possível", advertiu.

Para o diretor de planejamento do metrô de São Paulo, Marcos Kassab, a implantação desse modal em Curitiba até a Copa é viável, mas é preciso apertar o passo. "Do ponto de vista técnico, é possível", diz. De acordo com ele, três anos e meio são suficientes para implantar uma nova linha. Pelas contas de Kassab, são necessários 18 meses para o projeto executivo e 12 para o licenciamento ambiental. Os dois podem ser tocados ao mesmo tempo. Terminado esse processo, as obras podem ser feitas entre 24 e 30 meses.

Paralelamente, é necessário encomendar os trens – uma frota de 30 composições demora quase trinta meses para chegar, segundo Kassab. "Tem de ser feito tudo muito bem concatenado para ser possível", adverte. Curitiba está na fase anterior ao do projeto executivo. No momento, estão em elaboração o projeto básico e os estudos de impacto ambiental. Os dois devem ser finalizados no fim deste ano. Só então é possível dar um passo à frente. Isto é, se houver dinheiro.

Não bastasse essa corrida contra o relógio, outros contratempos podem surgir. No Congresso, pela primeira vez o governo do estado sinalizou a possibilidade de ajudar Curitiba na implantação do metrô. Notícia boa, não fosse um porém. A participação do estado pode estar condicionada à discussão e alterações do projeto. O vice-governador, Orlando Pes­suti, por exemplo, defende a construção do metrô de superfície (o atual projeto em elaboração prevê um metrô enterrado em um túnel raso). "É mais barato, demanda menos tempo para ser implantado e permite que as belezas de Curi­tiba sejam vistas", disse Pessuti. Alterações desse nível exigiriam novos projetos, estudos e, consequentemente, mais tempo até o início da execução das obras.

Valeska lembra ainda outros obstáculos que podem dificultar a corrida das cidades-sedes na implantação de novos projetos. "Temos três eleições no meio do caminho até a Copa de 2014", diz. "Ano que vem temos eleições e as atividades do governo – contratação, licitação, etc – vão parar. Em 2011, o novo governo começa a engrenar. Em 2012, já estaremos a apenas um ano da Copa das Confederações. Em 2014, estaremos em ano eleitoral novamente", lembra.

"Não conheço o projeto do metrô de Curitiba, mas é preciso que o projeto executivo e o financiamento, licenciamento ambiental e licitação estivessem prontos agora, senão corremos o risco de não estar finalizado para a Copa", disse Valeska. "Esses obstáculos precisam ser levados em conta agora para acertar o cronograma. Temos de tomar as decisões antes e redimensionar os esforços."

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