O PT encontrou um discurso para justificar a resistência em abrir mão de parte significativa dos cargos que ocupa na máquina federal em benefício de aliados, notadamente o PMDB. Trata-se da tese da "governabilidade social", vocalizada na reunião com Lula e ouvida aqui e ali de integrantes do partido. Segundo ela, o PT, por sua ligação histórica com os movimentos sociais, "fundamentais" para a reeleição do presidente, não poderia ser medido apenas por seu espaço no Congresso – menos de 20%. À primeira vista inofensiva, essa conversa embute uma mensagem algo ameaçadora: se Lula tirar "demais" do PT, arranjará "confusão" com os movimentos sociais.

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Abre-alas – O evento inaugural dos movimentos sociais para exigir de Lula uma "guinada à esquerda" no segundo mandato ocorrerá no dia 4 de dezembro na capital paulista, com João Pedro Stédile, do MST, puxando o refrão "fora Meirelles" – este, porém, deve continuar à frente do Banco Central. Reprise – Um aliado que teve assento privilegiado na montagem do primeiro governo observa que Lula está, novamente, "tentando comer o PMDB pelas bordas", método fadado ao fracasso porque, no final, obrigará o presidente a pagar por uma mercadoria que já chegará vencida.

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Orixás – Um Ph.D. em Lula explica por que é incorreto usar o xadrez como metáfora para a montagem do ministério: "O Lula joga búzios". Casa Cor – O presidente ainda não escolheu o primeiro escalão, mas já definiu uma obra para o segundo mandato. Depois da ampla reforma recém-concluída no Palácio da Alvorada, vem aí a do Planalto. Lula tem dito a quem o visita que a situação de seu local de trabalho é "precária". Sangue – O mau humor de Marco Aurélio Garcia com os jornalistas em público não é nada perto do que o assessor presidencial tem falado contra a imprensa em privado. "E falado para as pessoas erradas", adverte um petista graúdo, que teme o efeito bumerangue de tanta beligerância.

Vida real – A Eurasia Group prevê para março de 2007 o início do processo de concessão de sete rodovias federais à iniciativa privada. "Na contramão da retórica de campanha, Lula buscará maior participação privada em vários setores", escreve em boletim Christopher Garman, diretor para a América Latina da empresa de consultoria. Ciranda 1 – A Petrobrás estuda a possibilidade de firmar uma parceria com o Atlético Mineiro, time presidido por Ricardo Guimarães, que vem a ser proprietário do BMG, banco que ganhou fama com a descoberta do valerioduto. Ciranda 2 – Quem se empenha sobremaneira pelo negócio Petrobrás-Atlético é Virgílio Guimarães, o deputado petista que apresentou Marcos Valério a Delúbio Soares. Plataforma – Aldo Rebelo (PC do B-SP) pretende bancar proposta "definitiva" para o salário dos deputados. Em campanha por um novo mandato, o presidente da Câmara espera apenas receber estudo encomendado à FGV para definir cortes e destinar a sobra dos recursos para o reajuste. Boca-de-urna – Deputados têm sido bombardeados com telefonemas dos colegas postulantes à vaga de ministro do TCU. O único discreto é justamente o que atrai a simpatia de muitos parlamentares: o secretário-geral da Mesa da Câmara, Mozart Viana. Nem pensar – PT e PMDB não querem ouvir falar na indicação do ex-prefeito de Salvador Antonio Imbassahy para o secretariado de Jaques Wagner. Alegam que o PSDB, adversário na campanha, não pode se dar bem agora.

Tiroteio

De Eduardo Graeff, secretário-geral da Presidência na gestão FHC, sobre o ministro da Justiça, segundo quem é preciso ver se o caso do dossiê "realmente tem uma grande gravidade ou se não tem uma grande gravidade":

–Quem parece que perdeu toda a gravidade no governo foi o doutor Thomaz Bastos.

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