A quantidade de gases-estufa na atmosfera alcançou um valor recorde em 2013 por causa do aumento no nível de dióxido de carbono, alertou ontem a Organização Meteorológica Mundial (OMM, na sigla em inglês), clamando por uma ação internacional para combater a mudança climática. O tema será objeto de um acordo global numa cúpula no ano que vem em Paris (foto), também afetada pelos efeitos da poluição.
"Sabemos acima de qualquer dúvida que nosso clima está mudando e se tornando mais extremo devido a atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis", disse o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, em comunicado que acompanhou o Boletim de Gases-Estufa anual da entidade.
O aumento nos níveis de dióxido de carbono (CO2) está superando o do consumo de combustíveis fósseis, o que significa que a capacidade natural do planeta de absorver as emissões de gás pode estar diminuindo, segundo o relatório.
"Pode ser por causa da absorção reduzida de CO2 da biosfera", afirmou Jarraud em uma coletiva de imprensa, ressaltando ser necessário pesquisar mais. "Se isso for confirmado, é uma preocupação significativa".
A biosfera, incluindo plantas e solo, e os oceanos absorvem cada um cerca de 25% das emissões humanas de CO2. Se essa média cair, mais gases-estufa ficarão retidos na atmosfera, onde podem permanecer durante centenas de anos.
Os oceanos estão ficando cada vez mais ácidos, o que limita sua capacidade de absorver dióxido de carbono. O nível de acidificação dos oceanos é inédito pelo menos nos últimos 300 milhões de anos, afirmou a OMM.
Ainda que as emissões humanas de CO2 diminuam em 80% até 2050, o efeito estufa total na atmosfera mal terá diminuído até 2100. Quanto mais se empregam combustíveis fósseis, mais difícil será reverter o efeito estufa, alertou a entidade.
"Emissões de CO2 do passado, do presente e do futuro terão um efeito cumulativo tanto no aquecimento global quanto na acidificação dos oceanos. As leis da física não são negociáveis", diz Jarraud. "Nosso tempo está acabando".
As emissão estão aumentando principalmente por causa do crescimento industrial de China, Índia e outras economias emergentes. Quase 200 governos concordaram em chegar a um acordo que estabeleça um limite para o aquecimento global em uma cúpula em Paris no ano que vem.
O mundo tem o conhecimento e as ferramentas para manter o aquecimento global dentro da meta de 2°C acima da época pré-industrial, diz Jarraud, o que "daria a nosso planeta uma chance e... um futuro a nossos filhos e netos".
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