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Documentação

Emissão de RG no interior demora até 60 dias

Paulo Ferreira mostra o protocolo: documento ficará pronto em um mês | Marco Martins/Gazeta do Povo
Paulo Ferreira mostra o protocolo: documento ficará pronto em um mês (Foto: Marco Martins/Gazeta do Povo)

Santo Antônio da Platina, Umuarama, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa - O estudante Paulo Ferreira, de 15 anos, já tem emprego garantido na empresa de um tio, em Santo Antônio da Platina, Norte Pioneiro, mas ainda terá de esperar mais de 30 dias para começar a trabalhar, porque antes precisa receber a sua carteira de identidade. Em algumas cidades, a demora chega a 60 dias. Ela ocorre porque o posto de atendimento do Instituto de Identificação do Paraná na cidade ainda usa a velha fórmula do tinteiro para tirar as impresões dos dedos de quem precisa do documento.

O método, apesar de ser o único disponível em 396 cidades do estado, é o grande responsável pela demora na expedição dos RGs, porque os dados do requerente e as próprias impressões demoram a chegar à sede do instituto, em Curitiba, assim como o armazenamento destas informações. Parte dos dados e até alguns documentos são enviados por malote para a sede do instituto. Apenas Curitiba, Londrina e Cascavel contam com o sistema digital, que diminuiu para dez dias o prazo máximo para a entrega do documento.

Assim como Paulo Ferreira, pelo menos outros dez jovens procuram diariamente o posto do órgão em Santo Antônio da Platina para tirar o documento e procurar uma ocupação. Muitos têm pressa, como o também estudante Ygor Biagione, 17, que por conta da demora na entrega do documento perdeu o emprego de empacotador em um supermercado da cidade. Segundo ele, a sua contratação estava condicionada à entrega das cópias dos documentos pessoais, entre eles, o RG, em um prazo de 20 dias.

A assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp) admite a demora e revela que em alguns casos, o atraso chega a ser de 60 dias. Porém, de acordo com a secretaria, o problema deve ser resolvido em breve. O governo estadual já recebeu os equipamentos para digitalizar todos os postos de atendimento espalhados pelo estado, porém não há prazo para a instalação do sistema.

Na grande maioria dos casos, o serviço é feito por servidores municipais cedidos à Sesp. Em Santo Antônio da Platina, dois funcionários dividem a função durante a manhã e a tarde. Diariamente são quase 30 solicitações do documento, mas durante o período de matrículas escolares o movimento aumenta três vezes. Com um volume de serviço tão grande os funcionários reclamam das dificuldades para atender melhor a população. Na quinta-feira à tarde, dia 28, um cartaz escrito à mão na porta do posto de Santo Antônio da Platina informava que naquele dia não haveria atendimento, somente "serviço interno".

"Semana passada fui na casa de uma família que tinha um bebê que não podia sair de casa", conta o atendente Luiz Fernando Cardoso Pereira, de 30 anos, do Instituto de Identificação. "A criança precisava do documento para poder iniciar um tratamento delicado. Tive que fechar o posto e ir até lá."

Mais demora

Em Foz do Iguaçu, uma das duas unidades do Instituto de Identificação recebe ao dia cerca de 60 pedidos para confecção de RG. A demanda é tamanha que no início do ano foi criada outra repartição para atender a população. Em média o documento demora cerca de 40 dias para ser retirado.

A dona de casa Vanderléia Texdorf, 25, levou os três filhos pequenos para fazer a identidade porque precisa do documento para cruzar a fronteira de Foz do Iguaçu com Puerto Iguazú, na Argentina, com as crianças. No entanto, ela vai ter que aguardar uma média de 40 a 45 dias para retirar o documento. Enquanto isso, tem de deixar os filhos, Luiz Eduardo e Maria Eduarda, um casal de gêmeos de 1 ano e meio, e Angélica, de 2 anos e meio, com parentes para ir ao país vizinho.

Em Umuarama, o tempo de espera é praticamente o mesmo de outras cidades. Mas o atendimento está comprometido porque o posto do instituto passa por reformas, justamente para a instalação do sistema digital.

Independentemente da demanda, o tempo de espera para conseguir o RG é de no mínimo 30 dias nos Campos Gerais. Em Ponta Grossa, onde são pedidos em média 70 documentos por dia nos dois núcleos do Instituto de Identificação, a emissão pode levar 32 dias. A espera em Sengés, onde são emitidos 70 RGs por mês, oscila entre 30 e 45 dias.

"No ano passado, demorava até seis meses", lembra a responsável pelo núcleo de Sengés, Neli de Jesus Teodoro Ribeiro. A extensão do prazo em Sengés se explica pela dificuldade de locomoção da responsável até a regional de Ponta Grossa. "Espero juntar um número grande de documentos para levar o malote à regional, senão teria que ir uma vez por semana e isso ocasionaria custos de viagem", comenta.

De acordo com o papiloscopista João Gonçalves do Amaral Junior, a regional de Ponta Grossa está "50% digitalizada", ou seja, as fotografias são feitas no próprio posto e o envio de informações à central em Curitiba é on-line.

Amaral diz acreditar que quando a informatização for completa poderá haver filas nos postos. "Hoje levo três minutos para pegar as informações para fazer o documento aqui. Quando for digitalizado, vou demorar pelo menos 45 minutos com cada pessoa", afirma.

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