Uma prestação de contas que seria encaminhada à cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC) mostra que a organização lavava cerca de R$ 15 milhões por ano só na Empresa de Ônibus Andirossi. Mais conhecida como Expresso 15.3.3 , a empresa tinha 11 ônibus usados exclusivamente para distribuir cestas básicas na zona leste da capital paulista e transportar as visitas de presos das penitenciárias de Avaré, Presidente Venceslau e Presidente Bernardes, no interior do Estado, onde estão as principais lideranças da facção criminosa. A descoberta foi feita pelos policiais da Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que prendeu nesta segunda-feira (25) Dalmir Cerqueira, o Capela, de 30 anos, "piloto" (espécie de gerente) do PCC na cidade.

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Capela assumiu o cargo há duas semanas, depois das prisões de Paulo Freire da Silva, o Noturno, de Renato Kauffman da Costa, o Cauã, e de Alberto Dovanci, o Beto Alemão. Os três eram integrantes do tribunal do PCC da região, responsável pela execução de quatro pessoas em julho. Cerqueira, que havia assumido no lugar dos presos, foi localizado pelos policiais na rua Paranapuã, no Jardim Represa. "Ele estava com 1,8 quilo de cocaína", afirmou o delegado Marco Antônio de Paula Santos, titular da Seccional de São Bernardo.

Durante as investigações sobre as atividades do PCC na região, os policiais descobriram a existência da empresa de ônibus, que estava em nome de Marcelo Rossinholli, o Atalaia, e de sua sócia, Andrea Martins de Oliveira, mulher de um integrante do PCC preso com Rossinholli na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Na sede da empresa, os policiais apreenderam documentos para análise.

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Foi esse trabalho que levou à descoberta da prestação de contas feita por Andrea e por Augusto Martins, que trabalhou quatro anos como gerente da empresa. Martins foi interrogado nesta segunda (25) pela polícia e confirmou que Rossinholli era o dono. Depois de prender 14 e indiciar 33 acusados por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio, a polícia passou a apurar em separado a lavagem de dinheiro.

A empresa de ônibus seria usada pelo PCC para lavar dinheiro obtido com tráfico de drogas. "Temos provas do crime precedente (tráfico), o que é necessário para caracterizar a lavagem", disse o delegado. Segundo ele, a empresa não cobrava pelos serviços, embora movimentasse R$ 15 milhões por ano. Todo o dinheiro para mantê-la vinha do PCC.

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