A União do Litoral, proprietária do ônibus que tombou nesta quarta-feira (8), na Rodovia Mogi-Bertioga, litoral de São Paulo, informou que o tacógrafo do veículo registrou 41 km/h no momento do acidente e que a máxima permitida na Rodovia é de 60 Km/h. Havia 35 pessoas no veículo. Dezessete estudantes e o motorista morreram no acidente.
IML divulga lista oficial de mortos
Parentes e amigos de universitários que morreram no acidente usaram as redes sociais para prestar homenagens. Um primo das estudantes Maria Maceno e Daniela Dias colocou a foto das duas no seu perfil no Facebook e escreveu que elas estavam no último ano de faculdade. A cearense Maria Maceno estudava Ciência Contábeis na Universidade de Mogi das Cruzes.
“Minhas primas, meu sentimento é imenso de uma perda tão grande, esses dois sorrisos que vai (sic) fazer uma falta na minha vida, tive a honra de estar com vocês momentos difícil (sic) e felizes da minha vida, hoje meu coração está destruído, só de pensar que era o último ano de faculdade de vocês duas, uma perda grande pra nossa família, hoje eu estou de luto, Deus cuide dessas duas meninas lindas. Dani quem vai me levar agora pro trabalho quando acordar atrasado? Quem vai me dar conselho sobre namoro? Quem vai ouvir música comigo? Quem vai brigar comigo por motivo bobo? Não tive chance de se despedir de vocês, meu coração está esmagado, destruído, só peço a Deus me acolher agora”
Nas redes sociais, mais de 2,4 mil pessoas já tinham compartilhado, até 10h, a hashtag #AltoTietêDeLuto, com uma foto do ônibus que traz a frase: “Nosso coração está triste! Que Deus conforte as famílias do estudantes que estavam no ônibus envolvido no acidente na Mogi-Bertioga”.
Annyne Xavier Mendonça, tia de Guilherme Mendonça de Oliveira, prestou homenagem em sua página no Facebook. “Não entendemos e muitas vezes não aceitamos os planos de Deus!!! Fica (sic) tantos porque (sic)... Mas a vontade do Senhor foi recolher vc... Agora fica (sic) a saudade e as lembranças!!! A dor é muita... A tia te ama Guilherme”.
Uma ex-aluna da Universidade Mogi das Cruzes escreveu que conhecia o motorista, identificado por enquanto como Carlos, e que “viu muitas situações parecidas” e “era raro subir a serra e não ver nenhum acidente”.
A empresa informou ainda, por meio da assessoria de imprensa, que o coletivo havia passado por manutenção preventiva há 15 dias e por todas as vistorias de órgãos fiscalizadores, como a Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A companhia negou que o veículo de prefixo 4.900 trafegasse em alta velocidade. “Isso seria difícil, já que o trecho era de serra e trafegar em alta velocidade traria riscos”, destacou por meio da assessoria de imprensa.
De acordo com a companhia, a velocidade máxima permitida na Rodovia é de 60 Km/h e o tacógrafo do coletivo teria registrado 41km/h no momento da tragédia. “Mas temos que aguardar a perícia para saber as reais causas do acidente”.
A União do Litoral não soube precisar quantos alunos havia no coletivo. “Até o momento, chegamos a 32 pessoas. Quarenta e seis é a capacidade do ônibus”, informou.
‘Motorista exemplar’
A transportadora também negou que teria ocorrido uma discussão entre o motorista e os estudantes, situação que chegou a ser cogitada por alguns dos sobreviventes.
Ademir Pedralli, pai de um estudante que teve ferimentos graves e permanecia internado no Hospital Santo Amaro no Guarujá, disse ter ficado sabendo que uma estudante discutiu com o motorista do ônibus minutos antes do acidente. Ela teria reclamado que o condutor estava em alta velocidade.
“Na hora do acidente não tinha neblina nenhuma (na rodovia). Segundo os alunos dos outros ônibus, esse ônibus estava em uma velocidade tremenda, tinha até uma moça que reclamava muito com o motorista e (dizia) que ele corria muito. Eles entraram até em discussão”, disse o pai, em entrevista a Rádio Estadão.
Segundo parentes de estudantes, o condutor Antonio Carlos da Silva, que morreu no acidente, costumava “correr muito” e fazer ultrapassagens perigosas. “A pasta profissional do motorista é exemplar e não há nenhuma reclamação de alunos. Inclusive, alguns alunos de outras linhas irão prestar uma homenagem a ele com um minuto de silêncio”, comentou a empresa.
A União do Litoral informou que acionou a seguradora, que está providenciando o sepultamento das vítimas, além de apoio médico para o caso de tratamentos especializados e transferências hospitalares.
Perícia
Em Bertioga, o delegado Fábio Pierre, que iniciou as investigações sobre as causas do acidente, afirmou que será “difícil” realizar a perícia no ônibus por causa do estado de destruição do veículo.
“Mesmo assim, vamos tentar periciar a barra de direção e o sistema de freios. Não descartamos também a possibilidade de o motorista ter dormido ao volante. Nenhuma hipótese será descartada e vamos montar este quebra-cabeças”, destacou Pierre.
Velórios
Os velórios dos corpos da maioria dos estudantes que morreram no acidente vão ocorrer de forma coletiva em escolas da região de São Sebastião.
Os estudantes mortos viviam em quatro bairros de São Sebastião: Barra do Sahy, Juquehy, Boiçucanga e Barra da Una. Nos bairros, o clima é de consternação.
A Prefeitura de São Sebastião informou que o velório será em três bairros da costa sul do município: 11 serão veladas na quadra da escola infantil Branca de Neve, em Juquehy, quatro na Barra do Una e dois no ginásio de Boiçucanga.
Na Branca de Neve, funcionários da prefeitura já arrumam a quadra colocando faixas pretas nos cantos. Cadeiras e bancos de outras escolas da região foram levados para o colégio.
Lista com os nomes dos mortos no acidente
O Instituto Médico Legal (IML) do Guarujá, na Baixada Santista, divulgou no início da noite desta quinta-feira, a lista com os nomes dos 18 mortos no acidente na Rodovia Mogi-Bertioga na noite de quarta-feira. Outras 16 pessoas ficaram feridas.
1. Antônio Carlos da Silva (motorista)
2. Gabriela Silva Oliveira dos Santos
3. Lucas Inácio Alves Pereira
4. Aldo Sousa Carvalho, 28, natural de Picos (PI)
5. Damião Nunes Braz
6. Maria Wdirlania Macedo de Sousa
7. Daniela Aparecida Mota Dias
8. Daniel de Oliveira Damazio
9. Sônia Pinheiro de Jesus
10. Guilherme Mendonça de Oliveira
11. Janaina Oliveira Pinto
12. Daniel Bertoldo
13. Carolina Marreca Benetti
14. Rafael Santos do Carmo
15. Natália Rodrigues Teixeira
16. Ana Carolina Cruz Veloso
17. Rita de Cássia Alves de Lima
18. Camila dos Santos Alves
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora
Deixe sua opinião